19 de maio de 2023

Reino fechado

Era uma vez uma princesa que se encontrava a recuperar dos efeitos de uma poção mágica e a feiticeira do reino tinha-lhe proporcionado mais 30 dias de repouso.
Ela era uma stressada e passava o tempo a controlar tudo o que se passava no reino, porque lhe custava mesmo ficar afastada da azáfama do dia a dia.
Certo dia, descobriu que o rei ia fazer um comunicado à população e, mesmo sem permissão, infiltrou-se à socapa para ouvir o que ele tinha a dizer.
O rei tinha o semblante carregado e os olhos tristes e foi direto ao assunto: "vamos ter que fechar o reino e vocês ficam todos sem ter onde viver".
A princesa entrou em choque, não sabia se lhe doía mais o corpo sob efeito da poção ou o coração devastado com a revelação. Ela tinha-se mudado há relativamente pouco tempo para aquele reino, não sabia se ainda estava na fase da paixão e do namoro mas era verdadeiramente feliz ali e não se conseguia imaginar a procurar uma nova casa.
Nada a tinha preparado para aquele desfecho e ela não conseguia reagir...

15 de maio de 2023

Mente ao meu coração - Paulinho da Viola

Mente ao meu coração
Que cansado de sofrer, só deseja adormecer
Na palma da tua mão
Conta ao meu coração
História das crianças
Para que ele reviva as velhas esperanças
Mente ao meu coração
Mentiras cor-de-rosa
Que as mentiras de amor não deixam cicatrizes
E tu és a mentira mais gostosa
De todas as mentiras que tu dizes

3 de maio de 2023

O feitiço

Era uma vez uma princesa que vivia fechada na torre mais alta do seu castelo, depois de ter sido alvo de um feitiço.
Esta princesa, embora nunca o admitisse, não era muito caseira, adorava sair para fora do castelo e explorar os trilhos mais escondidos do seu reino, sempre na esperança de encontrar alguém com quem trocar dois dedos de conversa. E também não era muito de ficar calada. A princesa sentia que essa parte de si estava a mudar, porque entendia o valor de escutar os outros com cada vez mais atenção, mas fazer sempre mais perguntas e trocar ideias acabava por ser mais forte do que ela.
O feitiço, apesar de ter sido feito pelo Mago M, conhecido como o maior e melhor mágico de todo o reino, fazia com que a princesa se sentisse fraca e impedia que ela realizasse as suas tarefas normais e as suas atividades favoritas. Ela sabia que era temporário e a única forma da magia fazer o seu efeito mas sofria com isso na mesma.

Desde o primeiro dia em que se cruzaram, que a princesa confiava no Mago M, aquele ser imponente e deslumbrante, que a tinha conquistado com 50 mil quilos de assertividade e um brilho no olhar que dizia "vou mudar o mundo, um feitiço de cada vez". A princesa sentia que dentro dele havia muita mágoa escondida (detectada no dia em que a princesa insistiu em debater costelas alentejanas) mas não lhe cabia a ela mudá-lo, portanto, usufruía da sua experiência e deliciava-se com os sorrisos genuínos que partilhavam. Ela sabia que ele tinha feito o melhor trabalho possível e, por isso, ficar presa á espera tornava tudo mais fácil.

Sonhos

"Faz uma pausa e concentra-te num sonho específico"...

A minha grande aspiração foi sempre a tal ideia de escrever um livro, que por vezes rejeito com todo o meu ser mas que outras vezes volta para me assombrar.

Se ignorar isso, ainda tenho o sonho de aprender a cozinhar e planear as minhas refeições para a semana (como uma dona de casa crescida).

Certos dias, ambiciono voltar a ter a música na minha vida... Num momento em que até a hipótese de cantar no chuveiro me está vedada, pensar voltar a pertencer a uma banda  filarmônica soa só ridículo.

Curiosamente, não tenho nenhum sonho para a minha carreira. Dou-me ao luxo de continuar a viver a fase da paixão e do deslumbramento e sentir que estou exatamente onde tinha que estar e que há um caminho para fazer, sem pressa.

27 de abril de 2023

Tiroidectomia

Hoje é o dia da luta (embora o 25 de Abril tenha sido há já dois dias).

Só desejo que cortem este malvadão fora e me deixem ir à minha vidinha, que eu nem gosto de hospitais e tenho que travar está batalha a dormir 😜

A fortalhaça e otimista que existem em mim estão em delírio hoje, portanto, ninguém me pára.

22 de abril de 2023

Novos caminhos para o exorcismo

Afinal, porque nos custa tanto quando finalmente verbalizamos algo que nos incomoda!?

Supostamente, não devemos guardar dentro de nós aquilo que nos atormenta (porque se pode acumular, em modo, más energias e transformar em doença) e, cada um à sua maneira, devemos extravassar as nossas emoções/preocupação/angústias.

Em tempos idos, eu libertava os dramas todos a cantar debaixo da água no chuveiro; noutros tempos, libertava-os a partir madeiras e chocalhos; mais recentemente, em corridas de X quilómetros... Agora, quase nenhuma dessas opções me parece fazível, quer seja porque os banhos são demasiado curtos ou porque acordo já sem forças para me arrastar para uma corrida. Portanto, preciso de um novo plano.


Lealdade

Hoje, vi a partilha de um artigo sobre um senhor, brasileiro, que aos 100 anos de idade comemora 84 anos de trabalho na mesma empresa com o comentário "será a lealdade a nova tendência?".
Esta partilha falou diretamente com o meu sistema nervoso, com o que de mais fervoroso existe dentro de mim, e, como não sou de fazer comentários no LinkedIn, vim desabafar aqui.

Há algo super intuitivo por trás de cada escolha de um colaborador ficar ou deixar uma empresa, algo tão simples como "as pessoas ficam onde são bem tratadas, acarinhadas e reconhecidas". Não importa se isso significa ter um bom ordenado, ou um bom ambiente de trabalho, ou uma palmadinha nas costas, ou um email de reconhecimento para a empresa inteira. Não somos todos iguais, não queremos todos o mesmo, mas se tivermos o que queremos (e até mais um pouco) é certo que não vamos a lado nenhum.

Antigamente (nem precisa de ser há 80 anos atrás, 20 anos bastam), o importante era ter um emprego para a vida, ninguém ponderava mudar de vida porque trabalhava na profissão que tinha aprendido e ali ficava. E eu acredito que este é o caso do senhor do artigo, que mencionam que continuou a trabalhar apenas para se manter ativo (deve ser horrível a sensação de estar sem fazer nada todo o dia, para quem sofre com isso).

O meu pai pensava assim, sempre que lhe falava em mudar de emprego (porque queria melhores condições) ele começava a hiperventilar e alegava que se ficasse no mesmo sítio, eventualmente, as coisas iriam melhorar. Até ao dia em que a mudança lhe bateu à porta e ele percebeu que a nova oportunidade pagava 3 vezes mais do que a lealdade.

18 de abril de 2023

Stil counting

8h da manhã, Hospital da Luz de Lisboa
Nos corredores deambulam pessoas e carregam o mesmo ar acabado e mal dormido que eu. Espalhamo-nos pelo labirinto de corredores, com o olhar alheado de quem procura um caminho sem saber muito bem se o quer percorrer ou onde vai dar ou o que pode encontrar no final.

Eu, como seria normal para o adiantado da hora, debato-me com o sono, e também com o fresco excessivo do ar condicionado. Raios partam a pirâmide de Maslow!

Tento concentrar-me noutra coisa qualquer: dedicar-me aos meus jogos sem assunto no telemóvel, navegar nas redes sociais, limpar o email... Sem sucesso. O Tico e o Teco que odeiam esperas não estão para aí voltados.

Hoje é dia de analisar a voz... Com jeitinho, pedem-me que cante um fado. Hahahaha. Devia ser lindo ver toda a gente a fugir, estremunhada por ser arrancada dos seu pensamento macambúzios matinais... Mas ao menos, ficava tudo acordado. Hihihi!