Olá, pessoas giras!!
Mais um ano que começa (sim, para mim os anos escolares sempre tiveram mais peso do que os anos civis)! Eu já regressei ao trabalho pós férias - embora já esteja a contar os dias para as próximas - e a Pintinha começa segunda-feira na nova escola.
Setembro será sempre, para mim, aquele mês de recomeços... Ainda que sinta que Agosto é o pior mês de sempre na história da humanidade para ter férias com a desculpa de descansar, com crianças em idade escolar e com creches e escolas (e até mesmo alguns ATLs) que fecham não há muito como fugir disso e sente-se no mundo laboral a formatação "agora que já fomos todos de férias".
"Antigamente", defendia que Agosto era o melhor mês para trabalhar. Menos trânsito, menos pessoas, menos clientes com pedidos... Atualmente, começo a ver uma mudança (talvez porque há cada vez mais malta nova a pensar como eu) e o mês já não é tão calmo, os anos fiscais já não são tão alinhados (nem com o calendário escolar nem com o civil) e a montanha russa de oferta e procura já não tem uma só sazonalidade.
Este ano, para mim, começa pautado pela gestão de rendimentos. O previsto do IRS para pagar (vender um imóvel em Grândola, ao ex marido, é mesmo uma coisa chique) e o imprevisto do empréstimo ao sobrinho, para lhe alimentar um dos vícios, vieram afetar os meus conceitos de estabilidade económica e prosperidade. As más línguas dizem que este mês (e o próximo), com o ajuste das taxas de retenção, os portugueses iam ter mais dinheiro (falso para alguns que ficam a precisar disso para o acerto do IRS no próximo ano), nas suas contas mas eu nem cheguei a ter essa percepção. E, como é óbvio, não sei lidar com isso.
Há poucos dias, alguém me dizia que eu sou melhor que a Santa Casa (da Misericórdia), para quem me rodeia, e que encaro o meu vencimento com culpa. E eu não curto mesmo pessoas que me conseguem ler daqui até às entranhas e me fazem questionar como é que eu cheguei a este ponto.
Em 2001, no ano em que a minha irmã casou e saiu de casa, o mesmo ano em que eu entrei na Universidade e fugi para o Algarve, o meu pai teve uma oportunidade de trabalho, segundo ele, irrecusável. Esta semana, sentei-me ao lado dele e perguntei-lhe "quando recebeu o primeiro vencimento nessa nova empresa, sentiu-se culpado?" e sei que se não tivéssemos sido interrompidos teria sido excelente para os dois. Ele nunca sentiu culpa de receber mais, sentia-se merecedor e teve todo o reforço positivo possível e imaginário de quem trabalhava com ele e o procurou após esta mudança ("se eu soubesse que o Abílio saía era eu que o tinha ido buscar"). Mas ficou-lhe a culpa, que ele diz ainda sentir, de voltar costas ao patrão de uma vida (afinal foram só 20 anos). O Sr. Joaquim Ângelo foi (e é) um ícone aqui na vila e eu entendo a reverência e o respeito (especialmente agora que o meu pai partilhou comigo os requintes da contra proposta). Sobre valores, diz que nunca se sentiu culpado porque fez toda a diferença na nossa dinâmica familiar e justifica o atual valor da reforma. Não chegámos à parte em que seria a minha parte partilhar asneiras para ele me pôr em sentido, infelizmente.
Ontem, tive a minha reunião de preparação para o início da formação / recruta que vou fazer nos próximos tempos. Quando dei por mim, tinha dois dirigentes a fazerem-me uma espera, porque já conheciam o meu discurso e queriam fazer-me uma proposta. Houve uma parte de mim intrigada, outra curiosa e outra simplesmente incrédula, queriam oferecer-me aquilo que eu quero para mim daqui a 10 anos (com a casa paga e a independência financeira) e eu... Nem lhes dei hipótese! Não sei de onde tirei coragem, não sei onde fui buscar o meu eu mais honesto e menos besta e toda a convicção do mundo para dizer simplesmente "eu tenho emprego, trabalho na minha área de formação e tenho um bom ordenado, não vou largar isso para vir trabalhar convosco ainda que seja algo que quero mesmo para o meu futuro, senão não estaria aqui hoje".
Se eu não tivesse sido a Santa Casa (não só nos últimos 10 anos, mas se calhar nos últimos 20), talvez a resposta tivesse sido diferente. Mas a verdade é que também não estaria aqui, a proporcionar uma vida de conforto e leveza à luz dos meus olhos (sim, a miúda vai ter direito a duas casas - que eu duvido muito que seja as duas em Grândola mas até lá que não me doa nada - mas agora é o tempo de sentir a abundância, sem culpa, para criar memórias).
Bem, acho que já deu para perceber que anda um fantasma gigante cá por casa. Esta coisa de "ser diferente" agora bateu-me com mais força (logo agora que ando no meio dos senhores agricultores e proprietários) e tenho que entender o que fazer com isso. Nunca senti que ser a ovelha branca da família fosse algo ruim, portanto, porque não ser a ovelha branca feliz e contente que se afasta aos saltinhos?
Boa semana!
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