28 de dezembro de 2021

Carneiras

Ainda durmo na revolta e na injustiça, dos caminhos, dos quais escolhi desistir.
Ainda acordo alagada e irritada, com os gritos presos na garganta, que não ousei libertar.
Ainda me condeno, ainda me culpo, ainda oculto os meus ideais e os meus princípios.

Estou cansada de mulheres carneiras inseguras com a mania que eu lhes vou roubar qualquer coisa que lhes pertence... Ò seres não pensantes, se pode ser roubado assim com essa facilidade toda é porque nunca vos pertenceu verdadeiramente!

8 de dezembro de 2021

Exorcismo

Dizem que devemos falar ou escrever sobre aquilo que nos atormenta, de modo a exorcizar (pelo menos) o peso desse fardo interior... E eu, que sempre fui de escritas, sinto que nem disso tenho vontade :(


Há uns dias, uma amiga minha, enviou um email à chefe a informar que, apesar de já ter passado um ano, como continuava a amamentar, ia continuar a usufruir do direito de redução de horário. A chefe, que supostamente estava em reunião, chamou-a para dentro de uma sala (onde estava outra pessoa, mulher, mãe) e teve uma epifania que resultou num ataque de histerismo.

O discurso começou como um "achas que faz sentido comunicares isto assim!?" e facilmente resvalou para um "andas sempre mal disposta, com ar de frete e não permites proximidade, não é assim que eu giro pessoas!". Primeiro, a minha amiga ainda tentou balbuciar um "o pedido é feito ao RH mas achei que te devia comunicar, porque impacta a gestão da equipa, mas já sei que da próxima te digo pessoalmente" mas perdeu o travão de mão e refutou "ok, esse email foi só a gota de água para as 50 mil coisas que temos atravessadas, força!".

E não foi bom!

A minha amiga tem um grave problema, quando é inundada pela revolta as palavras atrapalham-se, revolvem e escorrem para fora da boca a uma velocidade estonteante. Há mais de dois meses que ela diz que está descontente, que não faz sentido a reorganização que fizeram e a posição em que a colocaram, que há trabalho a fazer na àrea que ela gosta e as mãos não chegam... Há uma semana que ela já assumiu que vai procurar um novo desafio, porque as valências que tem não cabem em nenhuma das caixinhas disponíveis na empresa. "Não temos que ser melhores amigas e não tenho que falar da minha vida pessoal, já era assim antes, e nunca deixei de fazer o meu trabalho. A empresa escolheu ter áreas de especialização voltadas para o negócio e eu não me revejo nisso".

Valeu a pena porque no meio dos gritos sairam confissões de culpa inconscientes... "Nós precisávamos de entregar este relatório ao cliente, eu sei que não gostas mas sem ti não teria sido possível", "Deviam existir duas equipas porque tu és, claramente, um exemplo que não encaixa neste modelo"

Vou guardar pérolas..

"Estou farta que me digam que era assim que faziam com fulano ou sicrano, eu não funciono assim" - Certo, mas a empresa já funcionava assim antes de tu cá chegares.

"Falei com a X, que também aqui está, na semana passada, e é inadmissível a tua postura connosco" - Primeiro, ela pode-se queixar do que quiser com razão, as únicas coisas que lhe pedi ela nunca fez, portanto, não tem créditos. Contigo a conversa é diferente, porque daquilo que é esperado de ti (que é o negócio) eu acho que tens feito um excelente trabalho, eu é que não me revejo em nada disso.

A X, "Tu não gostas de mim" - não tem nada a ver com gostar ou deixar de gostar, quando precisei de ti falhaste. No dia em que eu falhar com o meu trabalho podes-me vir cobrar, até lá não faz qualquer sentido, és só minha colega de equipa.

"Não existem processos em SQL para trabalhares" - há um processo de desenvolvimento em curso, com pds semanal, que nunca avança porque a pessoa responsável não tem tempo. "Ah, avança na medida do possível, está a andar" - então afinal existe 😛


Em jeito de conclusão, a minha amiga voltou-se e disse "o que é que eu te disse aqui hoje que é novidade!? Que estou descontente? Digo-to desde que voltei, todas as semanas. Que prefiro os processos em SQL? Que não podemos ignorar os clientes internos? Que a equipa A não me chega e não faço sentido na equipa B, e que por isso a opção é sair? Falamos na semana passada que sim, estou à procura de novos desafios e que não acredito que eles existam aqui dentro. Não te preocupes, daqui a um mês quando tiver que renovar a redução de horário, não informo por email."

Esta é apenas a visão da minha amiga, pode ser tendenciosa, mas não há mulher nenhuma insegura que goste de uma gaja competente que lhe faça frente. Esta chefe fez a escolha dela, se calhar só mostrou aquilo que realmente é por ter reagido a quente... Vamos ver se a minha amiga partilha mais episódios 😀