Não existiam cortinas, nem tapetes e o eco era avassalador. Os meus passos, já de si pesados, pareciam ganhar uma nova e ensurdecedora vida de cada vez que invadia o hall de entrada.
Não havia gás, nem fogão, nem esquentador, nem microondas, nem máquina do café, nem congelador (se bem que este agora também não "existe")...
Duas divisões estavam completamente nuas e desprovidas de vida, não existiam objectos pessoais espalhados (conscientemente) por todo o lado. E o quarto tinha apenas uma cama e uma mesa de cabeceira.
Não havia televisão e continua sem haver.
Não existia um lugar certo para nada porque, pura e simplesmente, ainda nada tinha lugar.
As paredes e os tectos estavam imaculados, pintados de fresco, sem fungos e sem buracos (o que já não corresponde à verdade em muitos sentidos), para compensar os azulejos (que só soube passado um tempo a cor verdadeira que têm).
Ainda assim, esta mansão estava cheia, cheia de boas energias e de um cheiro doce a conquista, a liberdade!
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