22 de setembro de 2025

Psicologia ou talvez não

Olá, pessoas giras!

Estou numa fase estranha da vida, em que me apetece analisar tudo na vida à luz da Psicologia... Porque o estudo da mente e do comportamento parece justificar todas as angústias do planeta terra.

Vou começar por partilhar algumas ideias soltas que me têm acompanhado nos últimos tempo.

Origem da palavra solteiro: a palavra remete para só, alguém que vive sozinho, e inteiro, alguém que está completo, intocada ou a quem não falta nenhuma pedaço.
Só podemos casar ou unir-nos, se formos solteiros - sozinhos e minimamente resolvidos ;)

Significado dos sonhos: um medo ou um desejo.

"Somos a média das 5 pessoas com quem mais convivemos." Se eu me rodear por pessoas insatisfeitas e tóxicas, não há esperança para mim... Excepto, se fizer terapia.

Necessidade: qualidade do que é necessário; o que não se pode evitar.
vs
Desejo: aspiração; querer; expectativa de possuir ou alcançar algo.
vs
Vontade: faculdade que tem o ser humano de querer, de escolher, de livremente praticar ou deixar de praticar certos atos; força interior que impulsiona o indivíduo a realizar algo, a atingir seus fins ou desejos; determinação; firmeza.

Quando alguém faz um julgamento (tipo "os homens não prestam" ou "os casamentos são todos iguais"), está a projetar. Ou seja, os homens da vida dessa pessoa não prestam, o casamento dessa pessoa é igual ou de muitas... E isso apenas revela o que a pessoa sente. Não tem nada a ver connosco, tem a ver com o próprio.

Toda e qualquer adição revela uma carência, revela "falta de algo". A adição é uma forma fácil de substituir o que está em falta e mascarar essa necessidade que não está assegurada. Por vezes, pode ser algo tão avassalador como a falta de propósito (tudo na vida corre bem mas a pessoa não sabe o que a motiva e o que a faz levantar da cama todas as manhãs).

Racionalizar - criar desculpas lógicas para a nossa desilusão ("Dás-me um pedaço de chocolate? Não. Eu também não queria!). Parece que nos estamos a munir de justificações, lógicas, para que as nossas escolhas / erros sejam aceitáveis.

Biologia da mulher vs Biologia do homem: A mulher, dada a sua flutuação hormonal, está mais predisposta a funções mais calmas (cuidar, ensinar), daí que exista toda uma vertente histórica da mulher que cuida da casa e educa os filhos. O homem é o provedor / protetor, devido à testosterona, mais direccionado para funções mais físicas (proporciona o aumento da massa muscular). Na vertente histórica, o homem saí para caçar, para trabalhar no campo, para executar os trabalhos mais pesados.

Queria ter coragem para abordar o complexo do salvador (ou síndrome da boa pessoa), mas sinto me sem coragem. Deixo aqui um link que me pareceu super adequado. Foi todo um mundo que se desenrolou à frente dos meus olhos que assusta, que me cola à parede por eu saber que é um padrão meu e continuar a insistir. Um dia eu também dou a volta a isto!

Boa semana!!

11 de setembro de 2025

Ano novo em Setembro

Olá, pessoas giras!!

Mais um ano que começa (sim, para mim os anos escolares sempre tiveram mais peso do que os anos civis)! Eu já regressei ao trabalho pós férias - embora já esteja a contar os dias para as próximas - e a Pintinha começa segunda-feira na nova escola.

Setembro será sempre, para mim, aquele mês de recomeços... Ainda que sinta que Agosto é o pior mês de sempre na história da humanidade para ter férias com a desculpa de descansar, com crianças em idade escolar e com creches e escolas (e até mesmo alguns ATLs) que fecham não há muito como fugir disso e sente-se no mundo laboral a formatação "agora que já fomos todos de férias".

"Antigamente", defendia que Agosto era o melhor mês para trabalhar. Menos trânsito, menos pessoas, menos clientes com pedidos... Atualmente, começo a ver uma mudança (talvez porque há cada vez mais malta nova a pensar como eu) e o mês já não é tão calmo, os anos fiscais já não são tão alinhados (nem com o calendário escolar nem com o civil) e a montanha russa de oferta e procura já não tem uma só sazonalidade.

Este ano, para mim, começa pautado pela gestão de rendimentos. O previsto do IRS para pagar (vender um imóvel em Grândola, ao ex marido, é mesmo uma coisa chique) e o imprevisto do empréstimo ao sobrinho, para lhe alimentar um dos vícios, vieram afetar os meus conceitos de estabilidade económica e prosperidade. As más línguas dizem que este mês (e o próximo), com o ajuste das taxas de retenção, os portugueses iam ter mais dinheiro (falso para alguns que ficam a precisar disso para o acerto do IRS no próximo ano), nas suas contas mas eu nem cheguei a ter essa percepção. E, como é óbvio, não sei lidar com isso.

Há poucos dias, alguém me dizia que eu sou melhor que a Santa Casa (da Misericórdia), para quem me rodeia, e que encaro o meu vencimento com culpa. E eu não curto mesmo pessoas que me conseguem ler daqui até às entranhas e me fazem questionar como é que eu cheguei a este ponto.

Em 2001, no ano em que a minha irmã casou e saiu de casa, o mesmo ano em que eu entrei na Universidade e fugi para o Algarve, o meu pai teve uma oportunidade de trabalho, segundo ele, irrecusável. Esta semana, sentei-me ao lado dele e perguntei-lhe "quando recebeu o primeiro vencimento nessa nova empresa, sentiu-se culpado?" e sei que se não tivéssemos sido interrompidos teria sido excelente para os dois. Ele nunca sentiu culpa de receber mais, sentia-se merecedor e teve todo o reforço positivo possível e imaginário de quem trabalhava com ele e o procurou após esta mudança ("se eu soubesse que o Abílio saía era eu que o tinha ido buscar"). Mas ficou-lhe a culpa, que ele diz ainda sentir, de voltar costas ao patrão de uma vida (afinal foram só 20 anos). O Sr. Joaquim Ângelo foi (e é) um ícone aqui na vila e eu entendo a reverência e o respeito (especialmente agora que o meu pai partilhou comigo os requintes da contra proposta). Sobre valores, diz que nunca se sentiu culpado porque fez toda a diferença na nossa dinâmica familiar e justifica o atual valor da reforma. Não chegámos à parte em que seria a minha parte partilhar asneiras para ele me pôr em sentido, infelizmente.

Ontem, tive a minha reunião de preparação para o início da formação / recruta que vou fazer nos próximos tempos. Quando dei por mim, tinha dois dirigentes a fazerem-me uma espera, porque já conheciam o meu discurso e queriam fazer-me uma proposta. Houve uma parte de mim intrigada, outra curiosa e outra simplesmente incrédula, queriam oferecer-me aquilo que eu quero para mim daqui a 10 anos (com a casa paga e a independência financeira) e eu... Nem lhes dei hipótese! Não sei de onde tirei coragem, não sei onde fui buscar o meu eu mais honesto e menos besta e toda a convicção do mundo para dizer simplesmente "eu tenho emprego, trabalho na minha área de formação e tenho um bom ordenado, não vou largar isso para vir trabalhar convosco ainda que seja algo que quero mesmo para o meu futuro, senão não estaria aqui hoje".

Se eu não tivesse sido a Santa Casa (não só nos últimos 10 anos, mas se calhar nos últimos 20), talvez a resposta tivesse sido diferente. Mas a verdade é que também não estaria aqui, a proporcionar uma vida de conforto e leveza à luz dos meus olhos (sim, a miúda vai ter direito a duas casas - que eu duvido muito que seja as duas em Grândola mas até lá que não me doa nada - mas agora é o tempo de sentir a abundância, sem culpa, para criar memórias).

Bem, acho que já deu para perceber que anda um fantasma gigante cá por casa. Esta coisa de "ser diferente" agora bateu-me com mais força (logo agora que ando no meio dos senhores agricultores e proprietários) e tenho que entender o que fazer com isso. Nunca senti que ser a ovelha branca da família fosse algo ruim, portanto, porque não ser a ovelha branca feliz e contente que se afasta aos saltinhos?

Boa semana!

5 de setembro de 2025

Acabou o Verão

Olá, pessoas giras!!

Há uma expressão cá na terrinha, sobre o nosso mais famoso evento, que associa o final da Feira de Agosto com o final do Verão e que nunca me pareceu despropositada.

A Feira de Agosto acontece no último fim de semana de Agosto, aquele mês que já por si se associa às férias de Verão, e é um evento caracterizado por reencontros, abraços apertados, sorrisos descontraídos, dias a ficarem mais curtos e noites a ficarem mais frias.

Este ano, a feira terminou com um sabor agridoce. Foi oficialmente a minha primeira feira como mãe, no sentido em que a Catarina já percebe tudo o que se passa á volta dela, já tem opinião e já expressa os seus desejos (que não passam por ficar em casa com os avós).

O primeiro dia foi, no mínimo, diferente. Fiquei doente, com algo tipo gripe ou constipação, e não ponderei em momento nenhum sair à rua. Curiosamente, a minha irmã tinha um jantar com o outro lado da família e, quando lhe pedi que levasse a Catarina, após o processo de hesitação e descrença, ela fez acontecer.

Na sexta-feira, já estava revitalizada e a Ângela e os seus vieram para minha casa. 6 almas dentro de um apartamento a tentar regular emoções. O propósito, que era ver o concerto dos 4 e Meia, foi parcialmente cumprido e não se pode pedir muito mais. Uma hora de concerto, excesso de estímulos (de uma feira repleta de luz e som), crianças cansadas...Vimos duas ruas, das principais, e rumámos a casa (no abençoado comboio Lotas que a feira disponibiliza em viagens regulares entre o recinto e o centro da vila).

No sábado, o cansaço pesava, a regulação emocional falhava e eu, deixei as visitas à vontade, e escolhi pensar em nós. Fizemos uma mega sesta as duas para nos preparar para a noite. Jantámos, orientamo-nos mas demoramos para sair. Chegámos tarde e rumámos aos carrosséis, estava prometido às crianças. Eu tinha um evento com os meus antigos colegas de escola, que correu 50500 vezes melhor do que esperava. Mas, ainda mal tinha passado meia hora da chegada à feira, quando as visitas optaram por ir para casa (um bebê mega estimulado, uma criança a colapsar de cansaço e um terceiro com fome - não consigo imaginar a sensação mas não tenho qualquer dúvida sobre a escolha certa). Tudo isto, fez de mim uma mãe descontraída, com uma filha bem disposta pela mão. Dançámos, brincámos, andámos nos carrosséis. Corremos, rimos, descansámos e conhecemos pessoas, juntas. Como a sorte protege as audazes, tivemos boleia para casa e, tarde e a más horas quando a depositei exausta na cama, ainda ganhei um "obrigada, mamã". Eu não sabia, mas aquela foi a melhor noite da feira.

No domingo, as visitas regressaram a casa, a avó queria ver o concerto da filarmónica (é fã desde sempre e esteve lá para mim sempre que eu vestia a farda e ela conseguia estar presente) e decidimos ir as três. Não foi bom! É um trio ainda a aprender os seus limites, que culmina numa criança desregulada, a esticar a corda, sem respeitar ninguém. Durante o concerto, já estávamos em modo descontrolado, mas ainda deu para ouvir umas músicas e encaminhar o caos para casa.

Na segunda-feira, o tal dia que simboliza o fim do Verão, o fim das férias, o fim da farra... O fim da feira e um "até para o ano". Negociei para ter tempo para mim. Fui com a Catarina à feira ao final do dia, para gastar os últimos créditos, para fazer as compras anuais de frutos secos, para as despedidas, para as últimas viagens no Lotas. Foi calmo, foi paz, foi bom. Deixei a Catarina com os avós e fui aproveitar a minha noite de crescida. Bug mistake! Estive com a maltinha de Sines, vi o concerto mas... Não era eu, não estava completa. Ainda tentei resistir ao impulso de ir para casa, mas... Excesso de idade, falta de álcool e ataque de solidão (ou falta de caras mais familiares) senti-me derrubada. Apanhei o comboio, praticamente vazio, e fui dormir (isso sim, uma necessidade básica e relevante).

E abracei a minha semana de férias a duas! É tão bom aprender o valor de cada gargalhada, de cada reação a um comentário sobre os desenhos animados que não deveríamos estar a ver, de cada momento de mãos dadas, lado a lado... Mesmo durante as guerras para sossegar, para ceder, para definir limites, mostras me o teu fundo bom, o teu coração puro e isso pesa mais do que qualquer palmada desvairada que me faça saltar os óculos. Temos muito caminho pela frente, e que nunca nos faltem forças para o fazer acontecer.

Pessoas giras, o Verão acabou (não foi a feira de Agosto que o disse, foi o mar revolto e os ventos frios), mas os dias de férias são para ir espalhando... Charme 😉

20 de agosto de 2025

Efeitos secundários

Olá, pessoas giras!

[Estou de volta ao dia 4 e não sei bem o que pensar sobre isso.]

No meu cérebro, era expectável que os eventos familiares provocassem uma regressão neste processo, porque iria sempre existir um brinde à prima aniversariante que decidiu juntar a família toda. Só não pensei que essa seria a porta para "descambar".

Não sei lidar com a pressão dos pares e, noto cada vez mais, que o facto da família usar o álcool como defesa/máscara não me ajuda. Sei bem que não me vou atirar de uma ponte se todo eles forem, que quero diferente para mim (e que sempre fiz por isso), mas torna-se difícil lidar com eles alcoolizados sem que eu tenha a mesma "descontração".

Eu não me quero tornar naquela pessoa que está num jantar de amigos e não enche um copo de vinho para brindar, eu quero poder beber uma cerveja (ocasionalmente, como fazia antes) sem sentir que tenho que esvaziar a grade, mas também quero que essa cerveja não seja uma desculpa para seja-lá-o-que-for.

Simultaneamente, há algo que eu já me tornei quase sem dar conta, e não me importo nada.

Há uns anos, quando ouvi este adjetivo associado a mim pela primeira vez, senti-me apreensiva (como quem não sabe atribuir o verdadeiro significado a uma palavra e sente que está a ser atacado) e recusei a ideia / o conceito. O meu chefinho de eleição queria que eu me tornasse evangelizadora de uma ferramenta de visualização de dados que, efetivamente, podia mudar o processo de tomada de decisão dentro da empresa.

Hoje, quatro ou cinco psicólogos (e dois psiquiatras) depois, assumo o adjetivo com todo o meu ser, noutra vertente. Pessoas giras, evangelizadora da terapia me confesso! Esta é uma daquelas "modas" a que estou completamente rendida e sinto que faz falta a toda a gente e não consigo deixar de querer espalhar a "palavra". Só lamento sentir que nem todos os profissionais da área abraçam (a profissão) da mesma forma e sei, por experiência, que isso é o suficiente para fazer toda a diferença.

Terapia é colo, é disciplina, é reencontro, é dor, é mudança... E muito mais. Todos aqueles "mais" que ajudam a endireitar as costas, erguer a cabeça e olhar a vida de frente, sem ter que pedir desculpa nem permissão a cada passo.

[E sim, a cada contrariedade vai existir uma vontade gigante de desistir, de não querer mais "levar na cabeça" mas questionem sempre "querem mesmo desistir de vocês?".]

Abraço apertado! E boa semana!

15 de agosto de 2025

Scorpions - Still loving you (1984)

Time, it needs time
To win back your love again
I will be there
I will be there
Love, only loveCan bring back your love somedayI will be thereI will be there
Fight, babe, I'll fightTo win back your love againI will be thereI will be there
Love, only loveCan bring down the wall somedayI will be thereI will be there
If we'd go againAll the way from the startI would try to changeThings that killed our love
Your pride has built a wallSo strong that I can't get throughIs there really no chanceTo start once again?I'm loving you
And try, baby, tryTo trust in my love againI will be thereI will be there
Love, our loveShouldn't be thrown awayI will be thereI will be there
If we'd go againAll the way from the startI would try to changeThings that killed our love
Your pride has built a wallSo strong that I can't get throughIs there really no chanceTo start once again?
If we'd go againAll the way from the startI would try to changeThings that killed our love
Yes, I've hurt your prideAnd I know what you've been throughYou should give me a chanceThis can't be the end
I'm still loving youI'm still loving youI'm still loving you, I need your loveI'm still loving youStill loving you, baby
I'm still loving youI need your loveI'm still loving youI need your love

I need your love
I need your love
Still loving you


8 de agosto de 2025

Razão vs Coração

[Dia 23: Aquele desejo gigante que deixar o álcool fosse a cura para todos os males 😜] 

Olá, pessoas giras!

Mais uma semana que termina, e aquela sensação no peito de quem anda a "amassar pão" de forma brutalmente intensa, com apreensão mas a certeza de que este é o caminho certo.

Nos últimos tempos, andava a sentir que o meu vínculo com a piquena era muito ténue e escolhi esta semana para mudar isso (ainda que isto seja a visão do meu lado racional tendencioso). Em cada um dos nossos finais de dia, tirámos 10 a 15 minutos para sermos só nós, que é como quem diz que me sentei na mesinha pequena a fazer plasticina (eu detesto plasticina), que ouvi e dancei K-Pop como se fosse a mais recente descoberta do mundo, que voltei a encher a banheira para estarmos as duas a fazer penteados com e sem espuma, que fomos ao parque e estivemos, as duas, a jogar à apanhada... Porque quero que ela sinta que estou presente e disponível. E, como diz alguém muito sábio: "mas presença garante amor?", eu sei bem que não, mas o amor e o carinho e as gargalhadas nunca deixaram de existir entre nós, só a "presença" andava a falhar.

Simultaneamente, começou a saga "em que escola colocar a Catarina no próximo ano". Já mencionei cenas intensas? É que isto tem estado a dar cabo de mim. Porque toda e qualquer pessoa no planeta terra parece ter uma opinião sobre este assunto. Começou nas mães dos amiguinhos que estão na mesma sala da Catarina (que têm por garantido que vão entrar para a Primária daqui a um ano), passou pelas amigas de circunstância com filhos mais velhos e já conhecem as escolas todas, segui-se para a família (pai, mana, mãe e ex-marido) e terminou com a diretora chata da escolinha atual. O meu lado convicto que tentou a vaga no público e escolheu a escola que lhe fazia mais sentido, está encolhido num canto do meu ser a pensar onde estava com a cabeça no momento de ir mexer neste assunto.

Como se não bastasse, hoje, fui brindada com uma bola curva... "Consegue chorar?" Se eu tivesse dado permissão ao meu lado respondona, vinha de lá um "para quê!? de que é que isso me serve?", mas eu também sei que o propósito de fazer uma caminhada está muito longe de ser "não sair do mesmo sítio" e contive-me, e geri o desconforto de perceber que chorar deveria ser "o normal procedimento da aplicação" mas este desenvolvimento não estava previsto, nem foi feito um levantamento de requisitos e, claramente, eu não sei como o fazer acontecer (a não ser com filmes idiotas que terminam com um drama de bradar aos céus, normalmente é alguém que morre, e aí sim, consigo sentir uma tristeza enorme porque estou nos sapatos do outro e choro como se não houvesse amanhã).

Portanto, termino a semana com uma "simples" missão: SENTIR!

[Se souberem onde é que isso se encontra em versão eficaz partilhem, que algo me diz que desta vez é fracasso assegurado - "mas não nego à partida uma ciência que não conheço".]

Bom fim-de-semana.

30 de julho de 2025

O "peso" das coisas ditas em voz alta

[Dia 14: Sigo fortíssima na "imposição" mas hoje, em consulta, abri mais umas três "gavetas" por arrumar e sinto que vai ser dos dias mais difíceis de resistir à tentação - dava um jeitão tapar isto tudo com uma bela garrafa de Mateus Rosé 😁]

Olá, pessoas giras!

O lema para o dia de hoje é: "um empurrão por dia, não sabe o bem que lhe fazia!"... A parte pior na conquista deste lema é que eu não posso culpar ninguém (hahahahaha!). Eu sou "de pessoas" (ainda que passe o tempo a dizer que as detesto - é só porque nem sempre dão uso ao cérebro) e gosto de conversar (até me ando a esforçar para melhorar a minha escuta ativa em vez de escutar para responder). E a força ou o peso de algo que é dito em voz alta, não se compara em nada àquilo que fica apenas no domínio do nosso pensamento.

Este mês, entraram na minha vida duas mulheres incríveis, uma loura e outra morena, que se complementam sem saber (embora já saibam as duas que a outra existe). Duas senhoras mulheres, com corações do tamanho do mundo, que eu adorava que tivessem aparecido antes, mesmo sabendo que tudo na vida acontece por um motivo e que agora era a hora certa para eu estar pronta para elas.

Com elas, sinto-me eu (e sim, eu sei que isto soa a disparate que eu já não tenho idade para filtros e viver a agradar os outros mas eu ainda não cheguei a esse ponto - foco no AINDA). Com elas falo "tranquilamente" sobre tudo e mais um par de botas, com opiniões e sensações honestas, sem máscaras e sem (muitas) fugas. Talvez por isso, remexo em muita coisa que guardo cá dentro, daquelas que ninguém da família quer ou gosta de ouvir, e verbalizo.

É neste momento que: "está o caldo entornado"!

Quando as mágoas, as dúvidas ou os receios vivem na esfera do pensamento, eu posso sempre fingir que nada daquilo existe, que foi só uma "cena" passageira, uma "interpretação" do momento. Quando essas ideias me saem em enxurrada da boca para fora (não fosse eu uma mocinha que consegue conversar mesmo sem ter assunto), é como se passassem a ser um prego pregado numa tábua - eu posso tirar o prego mas aquele buraco, aquela marca, já não vai sair. 

Estamos em 2025 e cheguei à fase da minha vida em que eu preciso mesmo de olhar para o prego, e para a tábua, e fazer-lhe o mesmo que o espremedor faz à laranja (referência ao espetacular anúncio da Cuétara: Vi o que fazes com as laranjas. Se te trouxer uma vaca tiras-lhe o leite?). Eu sei que com calma e com cuidado e com amor, eu vou conseguir encher esses buracos de terra e sementes e estarei cá para ver as plantas crescerem e fazerem de de mim um mulherão ainda mais espetacular.

Senhora produtora de melancias e senhora decoradora de inspiração grega, a caminhada que se avizinha vai ser turbulenta, não vai dar para fugir aos altos e baixos e já sabemos que há lugar para as minhas gargalhadas nervosa, tal como para as minhas lágrimas inesperadas e desgovernadas, mas fico feliz por vos ter do meu lado.

Abraço apertado, a todos os corações (magoados e sem ser) que passam por esta página, quando eu me curar a mim vou poder tentar curar-vos ainda com mais convicção 😉

22 de julho de 2025

Primeiro fim de semana sem álcool

 Olá, pessoas giras!!

Hoje é o dia número 6. Seis dias sem consumir álcool (vou arranjar um distintivo para comemorar cada meta - tipo semana a semana) e confesso que a parte pior foi mesmo a primeira sexta-feira desta aventura por calhar num fim de semana sem Princesa. Houve um lanche tardio em família, que facilitou a fuga aos habituais jantares de sexta e as rodadas que os antecipam. Depois, como o mau humor já tinha atingido máximos olímpicos, saí para dar uma voltinha pela vila e ver as festarolas. Havia um arraial junto à Música Velha, que mais parecia uma jantarada de amigos - visto que estava tudo sentado a comer em mesas corridas e o acordeonista tocava "porque sim". Os bares estavam às moscas, os nossos locais "do crime" também e o rumo a casa nunca me pareceu tanto o mais acertado.

Sábado foi dia de passeio à capital, para visitar o Marco (agora no Curry Cabral). Depois da fase intensa na unidade de queimados do São José, começa agora a fase de reabilitação física. Seis meses depois da explosão, a trabalhar como mecânico, que o deixou com queimaduras gigantescas por todo o corpo, ele já se senta, já faz piadas parvas sobre não voltar a precisar de manicure e já se move para os lados para nos ver (ainda tem a vista muito afetada e a visão periférica parece ser a que funciona melhor para ele). Soube bem, é fácil sentir que ele gosta de pessoas e que as nossas visitas, apesar de o cansarem imenso, lhe fazem bem. A fazer 100 agachamentos por dia e nem sei quantas flexões, aquele ex paraquedista rapidamente volta para perto de nós, nem podia ser de outra maneira.

No regresso, o meu intestino decidiu reclamar da vida e lá tivemos mais uma sessão de hemorragias. Como não posso culpar o álcool, porque "ele" agora está de castigo, vou ter que culpar o gás e fazer mais algumas restrições por conta própria. Portanto, coca cola zero sabes que sou muito feliz contigo mas preciso de um tempo, o problema não és tu, sou eu.

Para começar bem a semana, o Tico e o Teco decidiram pensar convictamente na profissão 50500. Será que eu preciso mesmo de uma mudança nesta fase da vida? Ou estou só a fugir do meu aborrecimento crónico no que diz respeito a seja-la-o-que-for? Tenho uma facilidade incrível em passar oito horas em frente ao computador e não fazer nada útil (nem para mim, nem para o meu contexto laboral). Não me concentro, não me foco mas sei que a falta de estratégia definida e alguém que perceba efetivamente dos dados que eu estou a tentar "mudar" não me ajuda. Simultaneamente, também sei que me perdi do meu propósito de vida (visto que se atingir o FIRE e viver dos rendimentos, vou ter ainda mais tempo sozinha para ocupar) e isso também não ajuda nada.

Como não pode ser tudo mau, a Princesa voltou para casa como uma energia positiva incrível e eu só tenho que apanhar o barco e acompanhar. Sempre odiei plasticina (nem sei explicar porquê) e agora temos a nossa própria estação de trabalho para esse efeito e sou eu que lhe dou mais uso (ninguém disse que trabalhar plasticina, com ferramentas próprias, era fácil).

Pensamento positivo: hoje já é terça-feira (diz a gaja que percebeu que ao fim de semana não sofre tanto de angústia e stress)!

Boa semana.