27 de abril de 2023

Tiroidectomia

Hoje é o dia da luta (embora o 25 de Abril tenha sido há já dois dias).

Só desejo que cortem este malvadão fora e me deixem ir à minha vidinha, que eu nem gosto de hospitais e tenho que travar está batalha a dormir 😜

A fortalhaça e otimista que existem em mim estão em delírio hoje, portanto, ninguém me pára.

22 de abril de 2023

Novos caminhos para o exorcismo

Afinal, porque nos custa tanto quando finalmente verbalizamos algo que nos incomoda!?

Supostamente, não devemos guardar dentro de nós aquilo que nos atormenta (porque se pode acumular, em modo, más energias e transformar em doença) e, cada um à sua maneira, devemos extravassar as nossas emoções/preocupação/angústias.

Em tempos idos, eu libertava os dramas todos a cantar debaixo da água no chuveiro; noutros tempos, libertava-os a partir madeiras e chocalhos; mais recentemente, em corridas de X quilómetros... Agora, quase nenhuma dessas opções me parece fazível, quer seja porque os banhos são demasiado curtos ou porque acordo já sem forças para me arrastar para uma corrida. Portanto, preciso de um novo plano.


Lealdade

Hoje, vi a partilha de um artigo sobre um senhor, brasileiro, que aos 100 anos de idade comemora 84 anos de trabalho na mesma empresa com o comentário "será a lealdade a nova tendência?".
Esta partilha falou diretamente com o meu sistema nervoso, com o que de mais fervoroso existe dentro de mim, e, como não sou de fazer comentários no LinkedIn, vim desabafar aqui.

Há algo super intuitivo por trás de cada escolha de um colaborador ficar ou deixar uma empresa, algo tão simples como "as pessoas ficam onde são bem tratadas, acarinhadas e reconhecidas". Não importa se isso significa ter um bom ordenado, ou um bom ambiente de trabalho, ou uma palmadinha nas costas, ou um email de reconhecimento para a empresa inteira. Não somos todos iguais, não queremos todos o mesmo, mas se tivermos o que queremos (e até mais um pouco) é certo que não vamos a lado nenhum.

Antigamente (nem precisa de ser há 80 anos atrás, 20 anos bastam), o importante era ter um emprego para a vida, ninguém ponderava mudar de vida porque trabalhava na profissão que tinha aprendido e ali ficava. E eu acredito que este é o caso do senhor do artigo, que mencionam que continuou a trabalhar apenas para se manter ativo (deve ser horrível a sensação de estar sem fazer nada todo o dia, para quem sofre com isso).

O meu pai pensava assim, sempre que lhe falava em mudar de emprego (porque queria melhores condições) ele começava a hiperventilar e alegava que se ficasse no mesmo sítio, eventualmente, as coisas iriam melhorar. Até ao dia em que a mudança lhe bateu à porta e ele percebeu que a nova oportunidade pagava 3 vezes mais do que a lealdade.

18 de abril de 2023

Stil counting

8h da manhã, Hospital da Luz de Lisboa
Nos corredores deambulam pessoas e carregam o mesmo ar acabado e mal dormido que eu. Espalhamo-nos pelo labirinto de corredores, com o olhar alheado de quem procura um caminho sem saber muito bem se o quer percorrer ou onde vai dar ou o que pode encontrar no final.

Eu, como seria normal para o adiantado da hora, debato-me com o sono, e também com o fresco excessivo do ar condicionado. Raios partam a pirâmide de Maslow!

Tento concentrar-me noutra coisa qualquer: dedicar-me aos meus jogos sem assunto no telemóvel, navegar nas redes sociais, limpar o email... Sem sucesso. O Tico e o Teco que odeiam esperas não estão para aí voltados.

Hoje é dia de analisar a voz... Com jeitinho, pedem-me que cante um fado. Hahahaha. Devia ser lindo ver toda a gente a fugir, estremunhada por ser arrancada dos seu pensamento macambúzios matinais... Mas ao menos, ficava tudo acordado. Hihihi!

12 de abril de 2023

Ansiedade contada em dias

Ao longo da vida, perdi a conta ao número de vezes em que andei em contagem decrescente, por ser algo que sempre serviu o meu lado ansioso nas mais diversas formas. Fazia contagem decrescente para as férias, para as viagens, para os festivais, para os fins de semana diferentes (e especiais), para o Natal, para o fim de ano... Mas não me recordo de alguma vez ter feito uma contagem decrescente para uma consulta médica e, agora, o meu cérebro não quer outra coisa.
"Sexta é a consulta A, depois na terça é a B, na quarta tenho duas e aí já só faltam 7 dias."

Gostava de poder chamar a isto "velhice", como faço com as conversas dos meus colegas de trabalho que não consigo acompanhar (todos os nomes soantes de stand up comédia dos últimos dois anos não me dizem nada mas um deles que desconhece os Gato Fedorento, sim, isto é da diferença de idades aliada à vida de mãe), mas não estaria a ser honesta, tenho mesmo que culpar o meu cérebro ansioso que se acalma por saber que há uma meta para alcançar.

E já só faltam 15 dias... TIC, TAC, TIC, TAC...

10 de abril de 2023

Razão de viver

Meu amor,

Como sabes, o meu pensamento e a minha atenção andam ausentes e quero garantir-te que não tem nada a ver contigo. Continuas a arrancar-me os sorrisos mais genuínos e a proporcinar-me as maiores alegrias, com a força do teu abraço e o sorriso rasgado quando me vês chegar ou com os teus risos de alegria quando te cubro de beijos.
No final do mês, vou-me ausentar. Sinto e sei que vai correr tudo bem mas, se não for esse o caso, quero que saibas que te amei com todo o meu ser e fiz o melhor que sabia por nós.
Quero pedir-te que não fujas do Alentejo cedo demais, controla os impulsos e cresce aqui onde a vida é tua, calma e segura, vais ter todo o tempo depois para explorar o universo (sim, com esse feitio igual ao meu, nem o céu é o limite).
Um dia, procura os meus amigos, aqueles que escolheram códigos postais espalhados por essa Europa fora, e pergunta-lhes por mim. As 50500 memórias idiotas vão proporcionar risadas, mesmo que depois se transformem em lágrimas... Com jeitinho, vamos fazê-lo juntas.

Apesar de tudo, sempre a pensar em ti!

1 de abril de 2023

CPQ

Foi no dia 29 de Março de 2023...
Era um lindo dia de Primavera que quase parecia Verão, eu estava a trabalhar de casa e preparava-me para entrar numa call, o meu standup diário. Ao lado do teclado, pousado na mesa, o telemóvel iluminou-se com uma notificação "Tem um novo resultado de exame..." e eu, instintivamente, cliquei no aviso, com aquele ânimo leve e otimista de quem sente que está tudo bem.
Abri o relatório. No meio de todo um extenso discurso, o meu olhar foi atraído para três palavras a negrito - Carcinoma papilar quístico - e uma palavra separada das restante, que me derrubou: Maligno.
A minha call estava a começar, juntei-me e lembro-me de ter "vomitado", a ritmo bem acelerado a acompanhar o bater do meu coração, aquilo que tinha feito nessa manhã. Ninguém me fez perguntas. A partir daí, não ouvi mais nada, nem faço ideia dos temas que foram falados, dei por mim a escrever "desculpem, tenho que sair" e desliguei para viver aqueles momentos de apatia que se instalam quando o nosso mundo muda radicalmente e nós nem conseguimos processar o que acabou de acontecer.