6 de agosto de 2012

Viver na Amadora

20h30m – Chegas a casa depois de um belo dia de estágio e uma passagem rápida pelo ginásio, estacionas o carro relativamente perto de casa. Como trazes 50500 sacos/malas/mochilas (do almoço, dos sapatos, do ginásio…) espalhados pelas diferentes áreas do carro, tiras tudo e  confirmas que trancaste o carro.

8h25m – Sais de casa, novamente com os 50500 sacos prontos para mais um dia, com a chave do carro na mão para facilitar todo o processo e diriges-te ao sítio onde deixaste o carro. Passas pelo sítio onde o carro deveria estar e pensas “ia jurar que o tinha deixado aqui”; continuas a busca, sem sucesso, voltas para trás e apercebes-te “tinha que  estar aqui” (o que acontece mais ou menos 5 segundos antes da sensação de vazio se apoderar de ti, começares a hiperventilar e “panicares”).

8h35m – Voltas a casa, largas tudo, corres a rua de uma ponta a outra e decides chamar a Polícia… O que não adianta de nada porque vais ter que ir, a pé, passear à esquadra mais próxima mesmo que não saibas onde ela fica.

8h50m – Tiveste sorte e a esquadra nem é assim tão longe! Entras a medo, com o olhar perdido e o coração nas mãos e perguntas “será possível que me tenham rebocado o carro, apesar dele até ter ficado bem estacionado?”. Há logo um agente simpático que tenta destruir os teus sonhos “tive de serviço toda a noite e não dei por nenhuma ocorrência desse tipo” enquanto outro te pede para aguardares. Quando se esgotam todas as alternativas, ele afirma “lamento mas a sua viatura deve ter sido furtada” e tu colapsas!

10h30 – Passaste a última hora a responder a perguntas despropositadas dignas de um filme de comédia (ainda que não te apetecesse nada rir) do tipo “sabe como foi efectuado o furto?” e a ouvir comentários estranhos como “não se preocupe, isso foi alguém que precisou de ir a algum lado e a viatura depois aparece”. Apetece-te acordar do pesadelo mas apercebes-te que não será assim tão simples. Voltas a casa para te tentares recompor, sem sucesso, e interiorizares a ideia de “há tanta gente que vive sem carro” mas, enquanto te diriges para usufruir dos transportes públicos, sentes falta de uma palavra amiga…

10h40m – Pegas no telemóvel, esperas ouvir uma voz do outro lado e tentas relatar o sucedido, na medida do possível… Ouves um “não saias daí que eu vou ter contigo”, palavras que irás agradecer, secretamente ou nem por isso, durante muito tempo. Atravessas a rua para cumprir com o combinado e esperar, à sombra, e o teu olhar é atraído, como um íman, para o fundo da rua, para a traseira de um carro mal estacionado – o teu carro!

Aproximas-te dele e sentes que perdeste anos de vida só nas últimas horas, ao mesmo tempo que reparas que ele não tem um único risco ou amolgadela, e confirmas que ninguém quis os teus cd de música portuguesa, que não podem ter feito quase quilómetros nenhuns e o gasto no gasóleo mal se nota. Simultaneamente, sentes que já não queres sair de perto dele, que há imenso tempo (quatro anos) que o tens na tua vida, que já partilharam imensas aventuras e não queres ter que viver sem ele (Materialista! Sim, e depois!?).

Moral da história: Para quem quer dormir uma noite descansada, sem sofrer de uma ansiedade miudinha que impulsiona a pessoa a ir à janela de hora em hora só para ter a certeza que o carro está no mesmo sítio… Arranje uma casa com garagem Língua de fora

3 comentários:

Panamá disse...

Dass, que aventura. ainda bem que acabou bem, mas boa sorte na Amadora ;)

Bruno BaKano disse...

Gabi, não sei se alguém já te disse, mas é bom que tenhas tudo certinho com a polícia pois o carro pode ter sido usado para cometer um crime qualquer. E portanto teres todos os papéis a confirmar que notaste a falta do carro de manhã e que ele apareceu às 10:40.
Apesar de tudo acho que o agente estaria correcto (eles afinal sabem aquilo que lidam todos os dias) e devem ter usado mesmo só para dar uma volta.

Mas isso para mim infelizmente indica que podes sofrer o mesmo no futuro. Já roubaram uma vez já conhecem. Já para não dizer que podem ter feito entretanto um duplicado da chave.
É capaz de sair muito caro, mas eu passaria numa Renault para saber se é possível mudar o código do imobilizador ou trocar as fechaduras...

Já agora não penses que uma casa com garagem impede isto. Ainda agora fiquei a saber que la em Aveiro assaltaram um carro dum avizinha na garagem do prédio :-\

Gabi disse...

Aqui e agora, está tudo controlado ;)

Obrigada pelas dicas!