Já não me lembro quando me nasceu este deslumbramento por motas, gosto de acreditar que foi nos meus tempos de universitária, quando me mantinha por Faro no fim-de-semana da concentração e me arriscava a ir para o meio de toda aquela confusão só para babar discretamente diante das lindas Ducatis 999 pretas ou vermelhas.
Há alguns anos, voltei a colocar esse meu desejo de andar de mota na lista das “cenas a fazer enquanto sou jovem e inconsequente”, não me recordo bem porquê mas devem ter sido influências das minhas amizades laborais da altura (o jeitoso do meu comparsa de eleição no BES, o único que partilhava uma realidade mas parecida com a minha, passava o tempo a relatar aventuras do tempo em que passeava as miúdas de mota).
Com o passar do tempo, foram chegando outras gentes à minha vida. muito bem montadas e fizeram-me acreditar que o desejo podia reacender sem qualquer perigo. Mas ninguém disse que esta coisa das relações pessoais era simples, e ninguém disse que eu sou talhada para andar a correr atrás de alguém para pedir favores, e as oportunidades foram passando sem eu dar conta.
Agora, de um momento para o outro, esta prenda caiu-me no colo em modo “se quiseres…”. E não deu para resistir. Apesar de todos os medos, todos os receios, todas as vozes na minha cabeça que diziam “não te metas nisso porque corres o risco de gostar”, ganhei coragem e aceitei.
Andei de mota, a pendura claro, pela primeira vez. Amadora – Lagoas Park, piso seco e dia ensolarado, contracção muscular controlada, e Lagoas Park – Amadora, piso molhado e noite cerrada, contracção muscular ao rubro (fiz a ginástica do dia). Brilhozinho nos olhos, sorriso rasgado de orelha em orelha. Adorei!
Não posso dizer que foi fácil, não foi mesmo, mas agora sempre que me falarem em “sair da zona de conforto”, vou pensar que poderá ser mais uma oportunidade para me sentir viva e quebrar com as rotinas. E gosto disso.
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