27 de outubro de 2014

Conhecer #4

Aproveitando o fim-de-semana Lisboa Open House 2014, lá me mentalizei para voltar a “conhecer” Lisboa...

A chatice é que dois dias são muito pouco para tudo aquilo que eu quero/desejo/preciso fazer, portanto, o dia começou com uma passagem pela Loja do cidadão (assim só para ir buscar a senha que o tempo de espera dá quase para percorrer Lisboa inteira).

Dirigi-me até ao Novo Museu dos Coches mas não tive sorte, as visitas estipuladas para o dia, num horário mega hiper reduzido, já tinham terminado. Só que o dia, apesar de não estar lindo e maravilhoso, tinha imenso potencial e eu não me dei por vencida.

Fui visitar o Museu da Eletricidade. Como a sorte protege os audazes, cheguei cinco minutos antes da hora da visita guiada, aproveitei a oportunidade e ADOREI! Senti-me uma criancinha, de volta à escola, a aprender o ciclo da produção de energia com os conceitos todos que lhe estão inerentes (o carvão a chegar de barco, a ser crivado para que os pedaços não fossem grandes de mais, a passar por dentro da caldeira, os tubos onde a água circula, os condensadores, os geradores e os ímanes gigantes, entre tantas outras coisas giras – como os senhores vestidos de sacos de batatas).

E ainda tive direito a uma exposição Eduardo Nery: "Sol" e outras pinturas (2012-13). Curiosamente, também adorei esta visita adicional, parece que o artista é excessivamente geométrico e as pinturas, ainda que inacabadas, deixaram-me convencida (há por lá um pôr do sol que amei particularmente mas o meu talento para as novas tecnologias é tanto que, mesmo levando máquina fotográfica e mesmo tirando as fotos, eu consigo ficar sem um registo adequado do dito cujo).

Voltei à Loja do Cidadão ainda a tempo de ficar à espera e conseguir dar por encerrado o tema que me levava até lá. Excelente!

Durante a tarde, o meu objetivo era passar pelo centro Ismaili mas nem precisei sair do carro para perceber que esse desejo teria que ser adiado (o ar desolado dos amigos que tinha feito de manhã, no Museu da Eletricidade, disse-me logo que as visitas já tinham esgotado). Portanto, rumei à Casa dos Bicos.

Por ali, o caos era gigantesco. As visitas guiadas funcionavam por ordem de chegada mas sem se conseguir perceber bem quem tinha chegado primeiro. O amontoado de gente era excessivo e optei por fazer a visitinha livre. A Casa dos Bicos, um edifício por si só carregado de história devido à sua fachada peculiar, alberga agora a Fundação José Saramago e pode visitar-se por lá uma exposição sobre a vida e obra deste autor.

Não achei a exposição nada de extraordinário, talvez porque me mantenho indecisa relativamente à escrita de Saramago... Não sei se a amo pelo Ensaio sobre a Cegueira, ou se a odeio pelas Intermitências da Morte. Mas valeu pelo momento único em que perguntei a um segurança, daqueles com ar de mau, se podia tirar fotografias: ele começou a enumerar os documentos que podia fotografar com flash (livros e objectos e afins) e os que teria que ser sem flash (os manuscritos), ao que eu respondi “só quero mesmo fotografar a escada” e, depois de uma gargalhada sonora, o senhor rematou, já com um sorriso nos lábios, “se é assim, fotografe à vontade”.

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