Numa loja de música, há uma sala enorme com vários instrumentos que apesar de parecerem deixados ao abandono, amontoados pelos cantos, são usados regularmente e, de modo mais ou menos eficaz, todos espalham a sua magia.
Nessa sala, até pelo mais distraído dos observadores, é possível identificar que sete dos instrumentos têm um brilho especial (três guitarras, um bandolim, um contrabaixo, um bombo e uma pandeireta).
Certo dia, um cliente assíduo da casa e certamente com voto na matéria, revoltado por ver os instrumentos de brilho especial misturados com todos os outros, insurgiu-se e disse: “Quero um desses sete para fazer um solo só para mim! Agora escolham qual vai ser.”
O contrabaixo, o único dos sete instrumentos que não tinha ouvido a conversa, desapareceu (sabe-se agora que foi de férias para baixo dos outros intrumentos da sala e ninguém o conseguiu encontrar). O bombo tremia de medo mas sorria por dentro, tinha visto o olhar que o cliente lançara à pandeireta e não conseguia deixar de pensar que estava safo, sentia que ela era a favorita. A pandeireta também vira aquele olhar, panicou, esqueceu o bom senso e confrontou uma das guitarras.
P – Ouve lá, não faz sentido nenhum este solo ser meu, eu ainda estou muito verde, sou só redonda, a minha pele ainda está muito esticada e as minhas soalhas até estão desafinadas… Na minha humilde e tendenciosa opinião, o solo devia ser do bandolim (eu sei que ele não está para se chatear com isso, que já não precisa provar nada a niguém, mas sempre era um solo mais encantador) ou então de uma de vocês as três que são tão harmoniosas!
G – Claro que sim, tens toda a razão. Não te preocupes, vamos decidir entre nós e um de nós fará o solo, sem stress!
No dia seguinte, o cliente voltou à loja, entrou na sala grande e, como não lhe tinha sido comunicada decisão nenhuma (porque esta ainda não existia), informou: “Venho buscar a pandeireta!”
Moral da história: Se a pandeireta não tivesse brilho estava safa!