22 de setembro de 2025

Psicologia ou talvez não

Olá, pessoas giras!

Estou numa fase estranha da vida, em que me apetece analisar tudo na vida à luz da Psicologia... Porque o estudo da mente e do comportamento parece justificar todas as angústias do planeta terra.

Vou começar por partilhar algumas ideias soltas que me têm acompanhado nos últimos tempo.

Origem da palavra solteiro: a palavra remete para só, alguém que vive sozinho, e inteiro, alguém que está completo, intocada ou a quem não falta nenhuma pedaço.
Só podemos casar ou unir-nos, se formos solteiros - sozinhos e minimamente resolvidos ;)

Significado dos sonhos: um medo ou um desejo.

"Somos a média das 5 pessoas com quem mais convivemos." Se eu me rodear por pessoas insatisfeitas e tóxicas, não há esperança para mim... Excepto, se fizer terapia.

Necessidade: qualidade do que é necessário; o que não se pode evitar.
vs
Desejo: aspiração; querer; expectativa de possuir ou alcançar algo.
vs
Vontade: faculdade que tem o ser humano de querer, de escolher, de livremente praticar ou deixar de praticar certos atos; força interior que impulsiona o indivíduo a realizar algo, a atingir seus fins ou desejos; determinação; firmeza.

Quando alguém faz um julgamento (tipo "os homens não prestam" ou "os casamentos são todos iguais"), está a projetar. Ou seja, os homens da vida dessa pessoa não prestam, o casamento dessa pessoa é igual ou de muitas... E isso apenas revela o que a pessoa sente. Não tem nada a ver connosco, tem a ver com o próprio.

Toda e qualquer adição revela uma carência, revela "falta de algo". A adição é uma forma fácil de substituir o que está em falta e mascarar essa necessidade que não está assegurada. Por vezes, pode ser algo tão avassalador como a falta de propósito (tudo na vida corre bem mas a pessoa não sabe o que a motiva e o que a faz levantar da cama todas as manhãs).

Racionalizar - criar desculpas lógicas para a nossa desilusão ("Dás-me um pedaço de chocolate? Não. Eu também não queria!). Parece que nos estamos a munir de justificações, lógicas, para que as nossas escolhas / erros sejam aceitáveis.

Biologia da mulher vs Biologia do homem: A mulher, dada a sua flutuação hormonal, está mais predisposta a funções mais calmas (cuidar, ensinar), daí que exista toda uma vertente histórica da mulher que cuida da casa e educa os filhos. O homem é o provedor / protetor, devido à testosterona, mais direccionado para funções mais físicas (proporciona o aumento da massa muscular). Na vertente histórica, o homem saí para caçar, para trabalhar no campo, para executar os trabalhos mais pesados.

Queria ter coragem para abordar o complexo do salvador (ou síndrome da boa pessoa), mas sinto me sem coragem. Deixo aqui um link que me pareceu super adequado. Foi todo um mundo que se desenrolou à frente dos meus olhos que assusta, que me cola à parede por eu saber que é um padrão meu e continuar a insistir. Um dia eu também dou a volta a isto!

Boa semana!!

11 de setembro de 2025

Ano novo em Setembro

Olá, pessoas giras!!

Mais um ano que começa (sim, para mim os anos escolares sempre tiveram mais peso do que os anos civis)! Eu já regressei ao trabalho pós férias - embora já esteja a contar os dias para as próximas - e a Pintinha começa segunda-feira na nova escola.

Setembro será sempre, para mim, aquele mês de recomeços... Ainda que sinta que Agosto é o pior mês de sempre na história da humanidade para ter férias com a desculpa de descansar, com crianças em idade escolar e com creches e escolas (e até mesmo alguns ATLs) que fecham não há muito como fugir disso e sente-se no mundo laboral a formatação "agora que já fomos todos de férias".

"Antigamente", defendia que Agosto era o melhor mês para trabalhar. Menos trânsito, menos pessoas, menos clientes com pedidos... Atualmente, começo a ver uma mudança (talvez porque há cada vez mais malta nova a pensar como eu) e o mês já não é tão calmo, os anos fiscais já não são tão alinhados (nem com o calendário escolar nem com o civil) e a montanha russa de oferta e procura já não tem uma só sazonalidade.

Este ano, para mim, começa pautado pela gestão de rendimentos. O previsto do IRS para pagar (vender um imóvel em Grândola, ao ex marido, é mesmo uma coisa chique) e o imprevisto do empréstimo ao sobrinho, para lhe alimentar um dos vícios, vieram afetar os meus conceitos de estabilidade económica e prosperidade. As más línguas dizem que este mês (e o próximo), com o ajuste das taxas de retenção, os portugueses iam ter mais dinheiro (falso para alguns que ficam a precisar disso para o acerto do IRS no próximo ano), nas suas contas mas eu nem cheguei a ter essa percepção. E, como é óbvio, não sei lidar com isso.

Há poucos dias, alguém me dizia que eu sou melhor que a Santa Casa (da Misericórdia), para quem me rodeia, e que encaro o meu vencimento com culpa. E eu não curto mesmo pessoas que me conseguem ler daqui até às entranhas e me fazem questionar como é que eu cheguei a este ponto.

Em 2001, no ano em que a minha irmã casou e saiu de casa, o mesmo ano em que eu entrei na Universidade e fugi para o Algarve, o meu pai teve uma oportunidade de trabalho, segundo ele, irrecusável. Esta semana, sentei-me ao lado dele e perguntei-lhe "quando recebeu o primeiro vencimento nessa nova empresa, sentiu-se culpado?" e sei que se não tivéssemos sido interrompidos teria sido excelente para os dois. Ele nunca sentiu culpa de receber mais, sentia-se merecedor e teve todo o reforço positivo possível e imaginário de quem trabalhava com ele e o procurou após esta mudança ("se eu soubesse que o Abílio saía era eu que o tinha ido buscar"). Mas ficou-lhe a culpa, que ele diz ainda sentir, de voltar costas ao patrão de uma vida (afinal foram só 20 anos). O Sr. Joaquim Ângelo foi (e é) um ícone aqui na vila e eu entendo a reverência e o respeito (especialmente agora que o meu pai partilhou comigo os requintes da contra proposta). Sobre valores, diz que nunca se sentiu culpado porque fez toda a diferença na nossa dinâmica familiar e justifica o atual valor da reforma. Não chegámos à parte em que seria a minha parte partilhar asneiras para ele me pôr em sentido, infelizmente.

Ontem, tive a minha reunião de preparação para o início da formação / recruta que vou fazer nos próximos tempos. Quando dei por mim, tinha dois dirigentes a fazerem-me uma espera, porque já conheciam o meu discurso e queriam fazer-me uma proposta. Houve uma parte de mim intrigada, outra curiosa e outra simplesmente incrédula, queriam oferecer-me aquilo que eu quero para mim daqui a 10 anos (com a casa paga e a independência financeira) e eu... Nem lhes dei hipótese! Não sei de onde tirei coragem, não sei onde fui buscar o meu eu mais honesto e menos besta e toda a convicção do mundo para dizer simplesmente "eu tenho emprego, trabalho na minha área de formação e tenho um bom ordenado, não vou largar isso para vir trabalhar convosco ainda que seja algo que quero mesmo para o meu futuro, senão não estaria aqui hoje".

Se eu não tivesse sido a Santa Casa (não só nos últimos 10 anos, mas se calhar nos últimos 20), talvez a resposta tivesse sido diferente. Mas a verdade é que também não estaria aqui, a proporcionar uma vida de conforto e leveza à luz dos meus olhos (sim, a miúda vai ter direito a duas casas - que eu duvido muito que seja as duas em Grândola mas até lá que não me doa nada - mas agora é o tempo de sentir a abundância, sem culpa, para criar memórias).

Bem, acho que já deu para perceber que anda um fantasma gigante cá por casa. Esta coisa de "ser diferente" agora bateu-me com mais força (logo agora que ando no meio dos senhores agricultores e proprietários) e tenho que entender o que fazer com isso. Nunca senti que ser a ovelha branca da família fosse algo ruim, portanto, porque não ser a ovelha branca feliz e contente que se afasta aos saltinhos?

Boa semana!

5 de setembro de 2025

Acabou o Verão

Olá, pessoas giras!!

Há uma expressão cá na terrinha, sobre o nosso mais famoso evento, que associa o final da Feira de Agosto com o final do Verão e que nunca me pareceu despropositada.

A Feira de Agosto acontece no último fim de semana de Agosto, aquele mês que já por si se associa às férias de Verão, e é um evento caracterizado por reencontros, abraços apertados, sorrisos descontraídos, dias a ficarem mais curtos e noites a ficarem mais frias.

Este ano, a feira terminou com um sabor agridoce. Foi oficialmente a minha primeira feira como mãe, no sentido em que a Catarina já percebe tudo o que se passa á volta dela, já tem opinião e já expressa os seus desejos (que não passam por ficar em casa com os avós).

O primeiro dia foi, no mínimo, diferente. Fiquei doente, com algo tipo gripe ou constipação, e não ponderei em momento nenhum sair à rua. Curiosamente, a minha irmã tinha um jantar com o outro lado da família e, quando lhe pedi que levasse a Catarina, após o processo de hesitação e descrença, ela fez acontecer.

Na sexta-feira, já estava revitalizada e a Ângela e os seus vieram para minha casa. 6 almas dentro de um apartamento a tentar regular emoções. O propósito, que era ver o concerto dos 4 e Meia, foi parcialmente cumprido e não se pode pedir muito mais. Uma hora de concerto, excesso de estímulos (de uma feira repleta de luz e som), crianças cansadas...Vimos duas ruas, das principais, e rumámos a casa (no abençoado comboio Lotas que a feira disponibiliza em viagens regulares entre o recinto e o centro da vila).

No sábado, o cansaço pesava, a regulação emocional falhava e eu, deixei as visitas à vontade, e escolhi pensar em nós. Fizemos uma mega sesta as duas para nos preparar para a noite. Jantámos, orientamo-nos mas demoramos para sair. Chegámos tarde e rumámos aos carrosséis, estava prometido às crianças. Eu tinha um evento com os meus antigos colegas de escola, que correu 50500 vezes melhor do que esperava. Mas, ainda mal tinha passado meia hora da chegada à feira, quando as visitas optaram por ir para casa (um bebê mega estimulado, uma criança a colapsar de cansaço e um terceiro com fome - não consigo imaginar a sensação mas não tenho qualquer dúvida sobre a escolha certa). Tudo isto, fez de mim uma mãe descontraída, com uma filha bem disposta pela mão. Dançámos, brincámos, andámos nos carrosséis. Corremos, rimos, descansámos e conhecemos pessoas, juntas. Como a sorte protege as audazes, tivemos boleia para casa e, tarde e a más horas quando a depositei exausta na cama, ainda ganhei um "obrigada, mamã". Eu não sabia, mas aquela foi a melhor noite da feira.

No domingo, as visitas regressaram a casa, a avó queria ver o concerto da filarmónica (é fã desde sempre e esteve lá para mim sempre que eu vestia a farda e ela conseguia estar presente) e decidimos ir as três. Não foi bom! É um trio ainda a aprender os seus limites, que culmina numa criança desregulada, a esticar a corda, sem respeitar ninguém. Durante o concerto, já estávamos em modo descontrolado, mas ainda deu para ouvir umas músicas e encaminhar o caos para casa.

Na segunda-feira, o tal dia que simboliza o fim do Verão, o fim das férias, o fim da farra... O fim da feira e um "até para o ano". Negociei para ter tempo para mim. Fui com a Catarina à feira ao final do dia, para gastar os últimos créditos, para fazer as compras anuais de frutos secos, para as despedidas, para as últimas viagens no Lotas. Foi calmo, foi paz, foi bom. Deixei a Catarina com os avós e fui aproveitar a minha noite de crescida. Bug mistake! Estive com a maltinha de Sines, vi o concerto mas... Não era eu, não estava completa. Ainda tentei resistir ao impulso de ir para casa, mas... Excesso de idade, falta de álcool e ataque de solidão (ou falta de caras mais familiares) senti-me derrubada. Apanhei o comboio, praticamente vazio, e fui dormir (isso sim, uma necessidade básica e relevante).

E abracei a minha semana de férias a duas! É tão bom aprender o valor de cada gargalhada, de cada reação a um comentário sobre os desenhos animados que não deveríamos estar a ver, de cada momento de mãos dadas, lado a lado... Mesmo durante as guerras para sossegar, para ceder, para definir limites, mostras me o teu fundo bom, o teu coração puro e isso pesa mais do que qualquer palmada desvairada que me faça saltar os óculos. Temos muito caminho pela frente, e que nunca nos faltem forças para o fazer acontecer.

Pessoas giras, o Verão acabou (não foi a feira de Agosto que o disse, foi o mar revolto e os ventos frios), mas os dias de férias são para ir espalhando... Charme 😉