Ontem, “levei-me” a jantar, como já não fazia desde... a passagem de ano de 2012 para 2013 :P E senti que, há já muito tempo, não me cozinhava uma refeição tão boa. Fiquei satisfeita, consolada e tudo e tudo.
Andava a adiar a aventura do penne all’arrabiata mas com os desejos a consumirem-me aos poucos (a agenda social não andava a dar tréguas) e, uma vez que o Benfica jogou em casa e não tinha mesmo o que fazer com o meu tempo, arrisquei.
Normalmente, acho sempre que a minha comida não tem sabor... Os piri-piris que o meu pai, em tempos, mandou à socapa continuavam escondidos e sem ter uso, portanto, achei que esta seria a altura perfeita para mudar isso. Mas... Quando apostamos em qualquer coisa que temos há imenso tempo e nunca utilizámos, não sabemos como é que isso vai correr, é um risco (ainda que possa ser controlado mas um risco).
Ontem, atirei-me de cabeça e experimentei esta receita:
Penne all’arrabiata
Aqueça um fio de azeite numa frigideira larga.
Pique 1 malagueta grande sem sementes e 3 dentes de alho.
Adicione tudo à frigideira e deixe tomar sabor, acrescentando também 400 gramas de tomate pelado.
Entretanto, leve ao lume uma panela com água, um fio de azeite e sal.
Regresse à frigideira, aromatize o molho com 1 colher de chá de tomilho, tempere com sal, e deixe cozinhar durante cerca de 10 minutos.
Aproveite esse tempo para cozer 300 gramas de penne, até ficar al dente.
Com a massa pronta, termine o molho arrabiata juntando 2 colheres de sopa de vinagre balsâmico, 2 colheres de chá de manjericão seco, uma pitada de orégãos e 2 colheres de chá de açúcar para equilibrar a acidez do tomate.
Por fim, adicione 1 mão cheia de manjericão fresco picado, escorra a massa, junte-a ao molho e envolva bem antes de servir este prato arrebitado com queijo parmesão ralado.
Reproduzi a receita sem o tomilho (porque é coisa que não existe lá por casa e eu não estava mesmo com paciência para compras) e, em vez de uma malagueta grande, usei dois piri-piris (que deve ser mais ou menos a mesma coisa e o que muda é o tamanho).
Sempre ouvi histórias dos amigos do meu pai que se atiravam a esses pequenos venenos com toda a confiança, quando se juntavam em jantaradas, e depois ficavam à rasca. Por isso, estava meio reticente mas parece que a minha sorte foi a parte da receita que diz “sem sementes” e, como fui provando e não picava por aí além, fui juntando algumas a pouco e pouco. Correu bem e o ligeiro ardor nos lábios pareceu-me imensamente normal (só me lembrava do pânico da minha irmã quando decidimos comer esta delícia no aeroporto de Londres e aquilo tinha picante mesmo à séria).
Terminei a minha refeição com os restos de brownie e calda de chocolate quente que ainda existiam lá por casa, acompanhados pela bela da bola de gelado e a muito-mais-prolongada-do-que-o-normal chamada para os papás (para debater as propriedades do piri-piri).
E quando dei por isso, aqui a pintora parisiense (caí na asneira de entrar um dia no trabalho com o gorro que a mamã fez especialmente para mim) já tinha despachado uma garrafa de vinho que tinha ficado perdida no frigorífico grandolense num qualquer ajuntamento familiar. Obrigada, Ana/Fernanda ;)