Na semana passada, resolvi armar-me em filha emancipada e experimentei fazer uma Torta Maisena – sempre lhe conheci este nome apesar de não conseguir encontrar nada em lado algum sobre a mesma – e sempre foi aquele “miminho” que a mãe fez a pensar em mim (não é como as amêndoas açucaradas que ela faz a pensar na Rute), portanto, achei que estava na altura de me aventurar.
A receita não tem nada de especial uma vez que é só juntar 4 ovos; 250 g de açúcar; 1 colher de sopa de farinha Maisena e bater tudo. Mas a coisa começa a complicar-se na hora de meter tudo numa forma untada com margarina e forrada com papel vegetal que, por sua vez, é também untado com margarina, ou melhor, complica-se na hora de retirar isto tudo
Na teoria, o que eu sempre vi fazer foi espalhar açúcar em cima de um pano, voltar o tabuleiro lá em cima e, depois, retirar o papel vegetal. Na prática, logo nos primeiros segundos eu já via voar açúcar pela cozinha quase toda (era pano, era mesa, era chão…), entendi-me com o tabuleiro mas o papel vegetal não queria, nem por nada, perder a aderência aos extremos da minha torta – tive mesmo que abrir mão desses pedaços. Depois, seguiu-se a saga de transformar os remanescentes numa torta e perceber que nesta mansão não há nenhum prato onde a torta caiba sem ser partida ao meio. Para ajudar à festa, não tinha pilhas carregadas para a fotografar e consegui comê-la todinha antes das pilhas carregarem Só pela “caminhada” matei estes desejos todos!
Ontem, cedi ao desejo do quentinho e rumei a outro código postal, onde não era esperada (um dia a coisa ainda me corre mal) e soube muito bem. Porque o carinho não tem hora marcada e se faz de pequenos gestos e de grandes partlhas e também representa a passagem pelo meu “mercado” favorito:
No regresso à capital, descobri que às vezes, mas só às vezes, desempenho muito bem o papel de idiota! Ir a casa dos papás tem destas coisas, salvo seja, porque existe por lá o meu canal favorito que é o Kitchen 24, em que toda a gente faz a culinária parecer muito simples e, desta vez, até o Viriato Pã me convenceu ao fazer um belo salame – fiquei com desejos. Chego a casa, apercebo-me que não tenho bolachas na minha despensa para fazer um exemplar só meu e penso: “Ainda é cedo, por isso, vou ali num instante comprar, nem preciso levar o carro". Moral da história: Quando cheguei ao destino já ia a coxear, quando me vi novamente à porta do prédio já estava a desesperar para me sentar e ainda tinha as escadas para o segundo andar pela frente! Felizmente, também dá para fazer salame sentada e, com as colheres de uísque que coloquei de bónus, a anestesia já está quase a sair do congelador
Portanto, neste momento o meu desejo mesmo mais intenso é não ter que me preocupar com dores num joelho e voltar a ginasticar (o que iria ajudar bastante a não engordar que nem um texuga agora que não consigo resistir e passo tempo a comer…)!
Eu sei que consigo privar-me de muita coisa, não sou nenhuma super-mulher mas consigo viver muito bem sem televisão, sem saber fazer comida de jeito, sem um homem, mas posso ao menos manter aquilo que faz os meus dias parecerem muito mais curtos e leves e animados e com um final muito mais feliz (é que eu continuo a adorar os chuveiros mas, agora, recuso-me a ir lá só tomar banho!)!?
Ainda por cima, que raio faz uma mulher com carradas de tempo livre ao final do dia? Não tenho mesmo talento para virar doméstica sem opção! É verdade que nos últimos tempos a roupa não se tem acumulado (nem para lavar nem para passar), há sempre comidinha no frigorífico, o congelador onde vivo, ups, a minha mansão está sempre arrumada, a vida social aumentou exponencialmente mas, tirando a parte da vida social, eu não me revejo mesmo nada neste perfil e temo (muito) pela minha sanidade mental.