30 de julho de 2025

O "peso" das coisas ditas em voz alta

[Dia 14: Sigo fortíssima na "imposição" mas hoje, em consulta, abri mais umas três "gavetas" por arrumar e sinto que vai ser dos dias mais difíceis de resistir à tentação - dava um jeitão tapar isto tudo com uma bela garrafa de Mateus Rosé 😁]

Olá, pessoas giras!

O lema para o dia de hoje é: "um empurrão por dia, não sabe o bem que lhe fazia!"... A parte pior na conquista deste lema é que eu não posso culpar ninguém (hahahahaha!). Eu sou "de pessoas" (ainda que passe o tempo a dizer que as detesto - é só porque nem sempre dão uso ao cérebro) e gosto de conversar (até me ando a esforçar para melhorar a minha escuta ativa em vez de escutar para responder). E a força ou o peso de algo que é dito em voz alta, não se compara em nada àquilo que fica apenas no domínio do nosso pensamento.

Este mês, entraram na minha vida duas mulheres incríveis, uma loura e outra morena, que se complementam sem saber (embora já saibam as duas que a outra existe). Duas senhoras mulheres, com corações do tamanho do mundo, que eu adorava que tivessem aparecido antes, mesmo sabendo que tudo na vida acontece por um motivo e que agora era a hora certa para eu estar pronta para elas.

Com elas, sinto-me eu (e sim, eu sei que isto soa a disparate que eu já não tenho idade para filtros e viver a agradar os outros mas eu ainda não cheguei a esse ponto - foco no AINDA). Com elas falo "tranquilamente" sobre tudo e mais um par de botas, com opiniões e sensações honestas, sem máscaras e sem (muitas) fugas. Talvez por isso, remexo em muita coisa que guardo cá dentro, daquelas que ninguém da família quer ou gosta de ouvir, e verbalizo.

É neste momento que: "está o caldo entornado"!

Quando as mágoas, as dúvidas ou os receios vivem na esfera do pensamento, eu posso sempre fingir que nada daquilo existe, que foi só uma "cena" passageira, uma "interpretação" do momento. Quando essas ideias me saem em enxurrada da boca para fora (não fosse eu uma mocinha que consegue conversar mesmo sem ter assunto), é como se passassem a ser um prego pregado numa tábua - eu posso tirar o prego mas aquele buraco, aquela marca, já não vai sair. 

Estamos em 2025 e cheguei à fase da minha vida em que eu preciso mesmo de olhar para o prego, e para a tábua, e fazer-lhe o mesmo que o espremedor faz à laranja (referência ao espetacular anúncio da Cuétara: Vi o que fazes com as laranjas. Se te trouxer uma vaca tiras-lhe o leite?). Eu sei que com calma e com cuidado e com amor, eu vou conseguir encher esses buracos de terra e sementes e estarei cá para ver as plantas crescerem e fazerem de de mim um mulherão ainda mais espetacular.

Senhora produtora de melancias e senhora decoradora de inspiração grega, a caminhada que se avizinha vai ser turbulenta, não vai dar para fugir aos altos e baixos e já sabemos que há lugar para as minhas gargalhadas nervosa, tal como para as minhas lágrimas inesperadas e desgovernadas, mas fico feliz por vos ter do meu lado.

Abraço apertado, a todos os corações (magoados e sem ser) que passam por esta página, quando eu me curar a mim vou poder tentar curar-vos ainda com mais convicção 😉

22 de julho de 2025

Primeiro fim de semana sem álcool

 Olá, pessoas giras!!

Hoje é o dia número 6. Seis dias sem consumir álcool (vou arranjar um distintivo para comemorar cada meta - tipo semana a semana) e confesso que a parte pior foi mesmo a primeira sexta-feira desta aventura por calhar num fim de semana sem Princesa. Houve um lanche tardio em família, que facilitou a fuga aos habituais jantares de sexta e as rodadas que os antecipam. Depois, como o mau humor já tinha atingido máximos olímpicos, saí para dar uma voltinha pela vila e ver as festarolas. Havia um arraial junto à Música Velha, que mais parecia uma jantarada de amigos - visto que estava tudo sentado a comer em mesas corridas e o acordeonista tocava "porque sim". Os bares estavam às moscas, os nossos locais "do crime" também e o rumo a casa nunca me pareceu tanto o mais acertado.

Sábado foi dia de passeio à capital, para visitar o Marco (agora no Curry Cabral). Depois da fase intensa na unidade de queimados do São José, começa agora a fase de reabilitação física. Seis meses depois da explosão, a trabalhar como mecânico, que o deixou com queimaduras gigantescas por todo o corpo, ele já se senta, já faz piadas parvas sobre não voltar a precisar de manicure e já se move para os lados para nos ver (ainda tem a vista muito afetada e a visão periférica parece ser a que funciona melhor para ele). Soube bem, é fácil sentir que ele gosta de pessoas e que as nossas visitas, apesar de o cansarem imenso, lhe fazem bem. A fazer 100 agachamentos por dia e nem sei quantas flexões, aquele ex paraquedista rapidamente volta para perto de nós, nem podia ser de outra maneira.

No regresso, o meu intestino decidiu reclamar da vida e lá tivemos mais uma sessão de hemorragias. Como não posso culpar o álcool, porque "ele" agora está de castigo, vou ter que culpar o gás e fazer mais algumas restrições por conta própria. Portanto, coca cola zero sabes que sou muito feliz contigo mas preciso de um tempo, o problema não és tu, sou eu.

Para começar bem a semana, o Tico e o Teco decidiram pensar convictamente na profissão 50500. Será que eu preciso mesmo de uma mudança nesta fase da vida? Ou estou só a fugir do meu aborrecimento crónico no que diz respeito a seja-la-o-que-for? Tenho uma facilidade incrível em passar oito horas em frente ao computador e não fazer nada útil (nem para mim, nem para o meu contexto laboral). Não me concentro, não me foco mas sei que a falta de estratégia definida e alguém que perceba efetivamente dos dados que eu estou a tentar "mudar" não me ajuda. Simultaneamente, também sei que me perdi do meu propósito de vida (visto que se atingir o FIRE e viver dos rendimentos, vou ter ainda mais tempo sozinha para ocupar) e isso também não ajuda nada.

Como não pode ser tudo mau, a Princesa voltou para casa como uma energia positiva incrível e eu só tenho que apanhar o barco e acompanhar. Sempre odiei plasticina (nem sei explicar porquê) e agora temos a nossa própria estação de trabalho para esse efeito e sou eu que lhe dou mais uso (ninguém disse que trabalhar plasticina, com ferramentas próprias, era fácil).

Pensamento positivo: hoje já é terça-feira (diz a gaja que percebeu que ao fim de semana não sofre tanto de angústia e stress)!

Boa semana.

17 de julho de 2025

Update médico (Dia 1)

 Olá, pessoas giras!!

Ontem foi dia de revisão médica, o que só por si já fez desta semana muito interessante, e as novidades são gigantes! 

O nódulo que tenho no fígado, apesar de parecer gigante, é benigno e só requer vigilância (para o caso de crescer além dos 6cm por 4cm - UAU). Mas... [Bolas que a porcaria da vida nunca consegue acontecer sem um mas.] As minhas hemorragias continuam, semana sim semana não, e a senhora doutora acha que posso ter varizes no intestino. Estudámos a parte de cima, estudámos a parte de baixo e, como falta a parte do meio, lá vou eu engolir uma câmara para estudarmos a parte do meio.

E é nestas alturas em que uma pessoa decide encarar a vida de frente e ter conversas descompensadas com os médicos... 

"E se eu lhe dizer que isto só acontece quando bebo, nas semanas em que não tenho a Princesa comigo!?"
[A sra doutora amou e decidiu "acabar" com o meu mundo.]
"Vamos ter que mudar isso."
"Uma cerveja, de vez em quando?"
"Nada. Durante dois meses, vamos cortar completamente. Para ver se os valores alterados das análises vão ao sítio só assim e se o fígado deixa de estar em sofrimento."
"E se for um copo de vinho?"
"Zero!"
"E coca-cola e outras bebidas com gás?"
"Pode, desde que seja sem álcool!"

E assim, percebes que a sra doutora, em menos de meia hora, te ficou a conhecer ao detalhe porque tem acesso a todo o teu historial médico e exames feitos, acompanhados pelas belas pérolas que te saem pela boca.

Como se não bastasse, os dez quilos de medicação que tomo para tudo e mais um par de botas, incomodam muita gente e está na hora de mudar de vida.

Vou ter acompanhamento em Psicologia Clínica. Dra Ana, só a julgar pela conversa telefónica de uma hora que tivemos ontem, ainda nos vamos rir muito juntas. [Não percam os próximos episódios, porque nós também não!]

A vida continua a acontecer fora de portas, o ambiente no trabalho está cada vez mais estranho (porque as tarifas do Trump estão a exigir ainda mais cortes), recebo chamadas que começam com "Mãe Bibiela" e continuo à procura de mim. Mas terei tempo para partilhar outras aventuras.

Primeiro dia sem álcool concluído com sucesso. Muitos mais pela frente, com imensos eventos sociais (já que tudo acontece nestes meses) e a certeza que este é o caminho que tenho que fazer.

Boa semana!!

4 de julho de 2025

Oráculo dos Arcanjos


 Origem da situação atual: Reconfortar

Até a pessoa mais forte passa por situações desagradáveis e não é vergonha precisar de tempo para curar o coração. Esta é uma boa ocasião para refletires tranquilamente sobre os teus verdadeiros sentimentos. Por isso, escreve um diário privado e depois chama-me para reconfortar a tua mente e o teu coração. Posso ajudar-te a dormir melhor e sossegar a tua mente.

Verdade da situação atual: Compaixão

Posso ajudar-te a perdoares-te a ti e aos outros, ou a veres o ponto de vista de todos com compaixão. Não tens de mudar a tua posição ou o teu comportamento. Tens apenas de abordar a situação com um coração afetuoso, o que te fortalece e permite que brotem soluções criativas.

Resultado/resolução (se nada mudar): Paciência

É preciso tempo para uma semente furar o solo e maturar até ser uma planta florida. Contudo, cada momento do ciclo de vida de uma planta pode trazer alegria àqueles que reparam na sua beleza. Do mesmo modo, desfruta do processo ao concretizar os seus sonhos. Abranda e sente gratidão, já que cada passo torna a tua manifestação tangível. Fica atento às lições e ao amor que brotam sempre que dás um passo para realizar os teus sonhos.

2 de julho de 2025

O regresso

Olá, pessoas giras!

Depois de três semanas de baixa, ontem foi o dia de regressar ao trabalho. E entre as 50 consultas médias e outros tantos exames, a fazer piscinas entre Grândola e Lisboa, com a morte e tudo o que isso implica de alguém relativamente próximo (é parvo, mas aqueles momentos em que me deram os sentimentos pelo meu sogro, a acharem que falavam com a minha irmã, tornou tudo ainda mais pesado), sinto que o descanso que tanto precisava nunca chegou.

Mas... (Sempre fui uma mocinha de "mas" bem vincados.)

Não pode ser tudo mau. Consegui aproveitar o tempo para fechar temas pendentes (ou tentar), consegui descobrir que o mal de todos os meus problemas vem de dentro de mim (literalmente), consegui desligar as vozes dos macaquinhos no meu sótão e consegui perceber que este ano os cálculos do IRS estão contra mim (vender casas que nem gente rica tem disto e nem o bónus anual da empresa me salva).

Sobre o trabalho, pouco há a dizer... Quando me ausentei a casa tinha uma fogueirinha acesa, longe de queimar alguém, e, neste momento, há um fogo gigante a ganhar terreno a cada dia e em risco de consumir os alicerces mais estáveis. Daqueles que nem o meu estagiário favorito com o curso acabado, à espera da promoção a bombeiro consegue dar conta.

Felizmente, nada disto coloca o vencimento em causa, nem o negócio da empresa porque "são APENAS dados" (num local que se quer com decisões baseadas em dados, hahahahaha).

Boa semana!