Os dias escuros, como o carvão, sucediam-se uns aos outros.
Os meus passos pesados não ecoavam nas ruas, vazias e despidas, porque já não eram meus.
O coração, esse traidor desconfortável, batia sem ritmo certo sempre a tentar saltar pela boca.
E o corpo... Ai, o corpo! Esse malvado sem lei vivia num mundo só seu, de autênticas montanhas russas: a respirar nas subidas para perder o fôlego (e tudo mais) nas descidas.
Vagueio a pé nas ruas, que tão bem conheço, e onde continuo a passar despercebida.
Procuro não sei bem o quê, nem sei bem onde e muito menos em quem.
Cruzo-me com uma dúzia de pessoas, que até podem ver-me e falar-me mas não sabem quem sou.
Cruzo-me com uma dúzia de pessoas, que até podem ver-me e falar-me mas não sabem quem sou.
De passagem, observo o meu reflexo no vidro de uma janela...
E lá estão eles!
Todos os anos de história que perdi, bem fincados nas minhas rugas, na minha palidez, no meu cabelo despenteado demasiado curto (pela milionésima vez) e nas minhas curvas roliças.
Perdi-me de mim.
[Mas sempre ouvi dizer que o primeiro passo para o sucesso é reconhecer o fracasso.]
Sem comentários:
Enviar um comentário