29 de novembro de 2024

O não "Dia D"

Olá, pessoas giras!

Hoje passo por aqui para me celebrar (enquanto exorcizo, obviamente), porque amanhã era suposto ser o dia de uma nova conquista, mais um daqueles marcados como o "Dia D" na vida de alguém, mas... Ainda não vai ser desta (porque a falta de vontade de alguns é gigante e impede o excesso de vontade de outros de avançar).

Neste momento, sou uma mulher com demasiados créditos em aberto (aos olhos do Banco de Portugal), todos associados a uma conta do Banco Montepio, que já nem uso. Com um contrato de água, numa casa onde não vivo e com o IMI, acabado de liquidar, de uma casa onde nem vivi até ao fim de 2023.

Neste momento, sou também um mulher com uma vontade gigante de mandar tudo para um sítio onde o sol não brilha e alcançar os meus direitos à força bruta (desliguem a água e ofereçam a casa em hasta pública, que é para o lado que eu durmo melhor) mas, aquela veia que eu achei que não tinha e nunca ia ter, a de mãe, fala mais alto, não quer que falte nada à minha pequena cria e contém os meus impulsos.

Amanhã, poderia ser o dia da escritura da minha futura nova mansão (leia-se apartamento em miniatura para viver sozinha com a minha Princesa) mas não é. Infelizmente! Ainda assim, eu celebro-me porque fiz tudo o que podia para que isso acontecesse e sei que não vai acontecer porque a inércia é uma bela porcaria e faz efeito onde menos faz sentido.

Claro que todo este cenário, chega também com aqueles sermões lindos... "Se sempre foi assim porque é que achaste que agora ia ser diferente", "porque é que ainda acreditas que as pessoas vão ter iniciativa sem serem provocadas", "sempre foste tu a tratar de tudo"... E eu juro que dispensava estes discursos e estas frases feitas, por muito que possam vir carregadas de razão.

Nunca fui aquela que vê o lado bom das pessoas, sou pessimista por natureza, mas acredito em reabilitações e segundas oportunidades (ou não teria o melhor cunhado do mundo sempre pronto para tomar conta de mim). Acredito que todos temos dois dedos de testa para perceber quando continuamos, mesmo que involuntariamente, a impedir alguém de seguir o seu caminho. Portanto, também nos cabe a nós fazer diferente.

E sabem que mais!? Vou só ali aproveitar a Black Friday para comprar os pequenos eletrodomésticos todos que irei precisar. O "Dia D" não é amanhã mas, sem dúvida, já faltou mais.

20 de novembro de 2024

O irmão do meio, o rapaz mais velho

 Olá, pessoas giras!


A vida voltou a tramar das suas e passou uma rasteira aos olhos azuis mais alegres que alguma vez conheci na vida, o Bruno tinha apenas mais 4 anos do que eu e já está à nossa espera lá do outro lado. E eu percebi que continuo sem saber lidar com a morte.

Conheci o Bruno no auge da minha inocência, de menina do campo, deslumbrada com o irmão mais velho (lindo que dói!) do coleguinha de escola. Apaixonava-me por aquelas boleias para a escola, em que ele sorria no banco da frente e se fingia indiferente à minha paixoneta infantil.

Não me dei conta, quando o cancro o "atropelou" pela primeira vez... Porque não lhe roubou nunca o sorriso do rosto, nem lhe tirou o brilho no olhar. Acho mesmo que só percebi que a vida não estava a ser meiga com ele quando chegou a altura em que decidiram amputar-lhe a perna. Para ele, foi apenas uma troca "ok, eu dou a perna mas fico com a vida". Ele re-aprendeu a andar, adaptou-se à prótese e continuou a sorrir, igual a ele próprio.

Entretanto, os cancros foram-se sucedendo uns aos outros... Talvez umas metástases perdidas, escondidas atrás de uma qualquer orgão menos adepto das quiomio / radioterapias, talvez uma recidiva inesperada. E ele combateu todos, dava o peito às balas e sorria, enquanto o corpo sofria.

O Bruno era o nosso Suíço mas, no fundo, ele era do mundo. Ele procurou o código postal que lhe permitiu sentir-se melhor consigo e, nos últimos tempos, espalhava charme por terras algarvias. Foi por lá que foi encontrado caído na rua, em paragem cardio respiratória, e é apenas isto que se sabe.

A minha vontade continua a ser abanar a cabeça e dizer que não, que não é verdade, que não pode ser, que a vida não seria assim tão injusta... Mas não vai adiantar de nada. Ele partiu, descansou e eu não tenho a menor dúvida que ele deixou um pouco de si em cada alma que teve a felicidade de cruzar o seu caminho.

12 de novembro de 2024

WebSummit 2024

Olá, pessoas giras!
Hoje foi dia de WebSummit, com o patrocínio das Women in Tech que me ofereceram o bilhete. Talvez por isso, as palestras que escolhi assistir estavam maioritariamente relacionadas com igualdade de gênero ou gestão de pessoas.

Acho que foi a primeira vez que fui ao WebSummit sem a obrigação, antecipada, de apresentar algo à empresa em que trabalho (que apenas me cede o dia para uma atividade diferente visto que nem tem que pagar nada)... E soube bem.

Obviamente, aproveitei a oportunidade para ouvir palestras sobre data governance e data ownership, mas sinto que investi mesmo mais tempo em perceber como a inteligência artificial pode ajudar as empresas a gerir e reter talentos (algo que já percebi que me cativa mesmo).

Mas... O primeiro pensamento que tive assim que cheguei ao evento e me sentei para a primeira palestra foi: "Fire Flamingo, este sim é o futuro do trabalho e ninguém vai falar dele neste tipo de evento".

A malta que trabalha na área da tecnologia está mais desperta para este tipo de realidade e este tipo de conceito, em que o objetivo de vida está longe de ser trabalhar até á idade da reforma (até porque os valores da inflação não vão deixar grande retorno ao valor que teremos direito quando chegar essa altura). Mas ninguém quer assumir que, se pudéssemos verdadeiramente, só trabalhávamos em part-time ou deixávamos mesmo de trabalhar para nos podermos dedicar ao que nos apaixona. Portanto, o fire continua a ser um assunto tabu nestes ambientes ("mais perdem!").

2 de novembro de 2024

A procurar o mesmo que a Alice

Um novo mês que começa, marcado pela angústia e a certeza que o caminho não pode ser por aqui.

Olá, pessoas giras!
Rumamos a passos largos para o final do ano, que traz consigo o primeiro aniversário da mudança mais radical da minha vida... 
Passados estes meses (e finalmente quase com a burocracia toda resolvida - partilhas feitas e uma criança em residência alternada), ainda não ultrapassei o divórcio [e achei sempre que iria tudo ao sítio por magia assim que os papéis estivessem assinados e a vida continuasse].

A vida colocou no meu caminho um anjo da guarda, alguém que entrou na minha vida para me colocar travão, para me mostrar que não sou a gaja mais idiota do mundo, um capricorniano careca gordalhufo com uma pontada de arrogância, com uma relação estranha com a mãe. E eu vi a minha vida a andar para trás! E fugi, obviamente (ou nem seria eu).

Durante muitos anos, ouvi dizer que um raio não cai duas vezes no mesmo sítio, mas deixei de acreditar nisso. O nosso cérebro é manhoso, desenvolve padrões, identifica hábitos e conduz-nos na direção da nossa zona de conforto... Se nós deixarmos. Aquilo que nos encantou e deslumbrou uma vez, facilmente repete a proeza, e se já fizemos o teste e sabemos como vai acabar... Fight or flight!?

Como em tudo na vida, não há respostas certas! Alguém muito sábio me disse que é tudo uma aprendizagem, e eu sei que sim. Talvez por isso, recordo com saudade aquela fase em que prioritizei a minha descoberta espiritual, porque há qualquer coisa desta situação que eu preciso aprender (e se vivo a repetição é porque não fez efeito). Quem sabe não é pelo divino que devo fazer o meu caminho!?