30 de março de 2016

Ainda sinto

Sinto falta de dizer coisas perceptíveis nos primeiros cinco segundos, sinto falta de expressões como “há-des ter muito a ver com isso” ou “fá-lo-ei” ou “my mouth is a tumulate”, sinto falta de conversas intermináveis, sinto falta de conversar sobre dores musculares, contracções e cóccix, sinto falta de fazer pirraçada a dizer que a minha mãe fez os miminhos todos sem pensar em mim, sinto falta dos meus M’s… Mas há faltas que não sinto, há tecnologias que ainda não me convencem, há invasões que ainda não aceito, há momentos que não perdoo… Dizem que a vida se faz de equilíbrios, eu tento acreditar que sim.

29 de março de 2016

Saudades

Era uma vez uma linda menina que vivia na sua, não tão linda, mansão com janelas hiperventiladas, paredes húmidas e loiças cor-de-rosa merecedoras de destruição à marretada.

Certo dia, a menina decidiu mudar de emprego pela 50500-ésima vez e uma voz sábia disse-lhe “tudo vai piorar antes de melhorar”. E assim foi! Toda aquela sede, todo aquele desejo, todo aquela liberdade para a mudança começaram a borbulhar dentro dela e a menina começou a explodir, de fora para dentro [não sei se é possível explodir de outra forma mas gosto do conceito].

A cada dia que passava, a menina ficava mais e mais perdida naquele labirinto que era o seu corpo mas não deixava de procurar afincadamente uma saída, um escape, uma alternativa... Até ao dia em que apareceu o príncipe encantado, montado cada semana num cavalo diferente (tão depressa eram brancos, pretos como amarelos, grandes e pequenos, temperamentais e ruidosos ou mansinhos e silneciosos), e a libertou com o seu meigo e carinhoso beijo e a sua imensurável paciência Smile