27 de novembro de 2013

Desfolhada – Simone de Oliveira

Corpo de linho, lábios de mosto
Meu corpo lindo, meu fogo posto.
Eira de milho, luar de Agosto
Quem faz um filho, fá-lo por gosto.

É milho-rei, milho vermelho
Cravo de carne, bago de amor.
Filho de um rei, que sendo velho
Volta a nascer, quando há calor.

Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada.
Amor, amor, amor, amor, amor presente
Em cada espiga desfolhada.

Minha raiz de pinho verde
Meu céu azul tocando a serra.
Ó minha água e minha sede
Ó mar ao sul da minha terra.

É trigo loiro, é além Tejo
O meu país neste momento.
O sol o queima, o vento o beija
Seara louca em movimento.

Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada.
Amor, amor, amor, amor, amor presente
Em cada espiga desfolhada.

Olhos de amêndoa, cisterna escura
Onde se alpendra, a desventura.
Moira escondida, moira encantada
Lenda perdida, lenda encontrada.

Ó minha terra, minha aventura
Casca de noz desamparada.
Ó minha terra minha lonjura
Por mim perdida, por mim achada.

Música: Nuno Nazareth Fernandes; Letra: Ary dos Santos

Sem comentários: