7 de agosto de 2010

Dramas existenciais de uma piquena a tentar ser mulher

Se um dia me dissessem: “Ainda vais dar por ti a pensar qual a cor de verniz que fica melhor com o vestido!”, eu iria rir às gargalhadas, com vontade mesmo… Antes de responder um “Sim, sim, isso tem mesmo tudo a ver comigo…”, num tom muito irónico. Feliz ou infelizmente, isso nunca aconteceu!

Hoje, pasmem-se, o dilema é mesmo esse!

Ah e tal, os amigos começam a casar e lá tenho que me disfarçar de gaja (mais que não seja porque tem que ser e, modéstia à parte, até me fica bem). De início, a escolha é sempre super fácil, a palavra de ordem é simplificar e poupar. Veste-se qualquer roupa básica preta, um verniz vermelho a contrastar para fazer o efeito “tchanam” e desde que me penteie ninguém me chateia. Mas com o tempo e a veia de mulherzinha a vir à tona (porque não é de bom tom usar sempre a mesma roupa), a coisa complica-se!

Não sei porque carga de água ou teoria absurda, decidi enfiar-me novamente (passados nove anos) num vestido vermelho. E agora!? O pânico! O horror! Como é que vou pintar as unhas!? Lol. Só de pensar dá-me uma imensa vontade de rir. Afinal os instintos femininos estão cá todos, bem reprimidos e disfarçados numa qualquer t-shirt velha e numas calças de ganga rotas ou nas belas e indispensáveis calças de fim-de-semana (leia-se “fato-de-treino”).

Bem que eu tentei explicar ao meu pai, há já alguns anos atrás, que na hora de colocar a sementinha na minha mãe ele devia ter-lhe dado um cromossoma Y em vez do X, para fazer um rapaz em vez de uma rapariga. Assim, o fato seria sempre o mesmo, com sorte mudava a gravata para dar uma cor diferente, os sapatos (que afinal nem deixam os homens assim tão confortáveis porque apertam mais do que o normal) seriam sempre os mesmos, o telemóvel e os documentos iriam espalhados pelos bolsos, fim do drama!

Blêca! Ser gaja, hoje em dia, é mesmo muito chato!

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