Os sábios da minha terra dizem que, se pensamos escrever um livro, já é tarde para começar.
Parece que, com o passar do tempo, a nossa memória nos prega cada vez mais partidas e nos começamos a limitar a cada vez menos estórias, que repetimos sem parar em cada jantarada de amigos ou reunião familiar.
Dei por mim a pensar... Já lá vai o tempo em que tinha imaginação para o enredo das minhas histórias de aventuras do "Rui - o explorador" que acabavam sempre com uma escalada ao Monte Everest (sem que eu nunca tenha entendido o porquê deste fascínio), se fosse escrever um livro agora seria sobre o quê!? Se fosse um livro de memórias, quais seriam as minhas maiores conquistas a incluir? Se fosse dos meus eternamente desejados romances líder de vendas, qual seria o final feliz da minha heroína?
Longe vai o tempo em que seria a primeira a dizer que não queria morrer sem escrever um livro... Depois disso, a minha prima já casou. Eu decidi oferecer-lhe uma coletânea da minha passagem pelo mundo das rimas fáceis, uma ambição frustrada à poesia de algibeira. E ao ver a "obra" tão organizada e encadernada, passou-me a vontade, como se tal propósito já tivesse sido alcançado.
Talvez esteja na altura de repensar esse meu desejo (já que estou folgadinha com as 50 mil tarefas que esta "nova" vida reservou para mim).