Há sempre alturas em que me fecho e procuro isolar-me deste mundo real que quero muito diferente do meu mas a fuga parece cada vez mais difícil de concretizar. Este mundo feito de gente que me critica, que continua cega e procura manipular tudo, que procura viver a vida dos outros… chega a todo o lado.
Infelizmente, não me entendo e nem procuro que os outros o façam mas ambiciono uma vida com aquilo que todos sabem que não tenho: as minhas decisões, pensadas e ponderadas (se é que alguma vez eu vou saber o que isso é).
E vezes sem conta volto a cair no mesmo erro, esse erro em que tropeço e sempre caio, essa minha eterna preocupação: “os outros”. Aqueles que nada podem no meu mundo mas que eu continuo a deixar entrar. Trazem opiniões, vivências, desejos e não conseguem ver aquilo que eu sou, que me define e que me mantém em movimento. Por vezes, tentam. Mas as minhas meias palavras ou os meus monossílabos são vazios, são desprovidos de sentimento e de sentido e nada procuram transmitir.
No meu mundo, tudo se passa no silêncio, as ideias estão contidas no olhar, no sentir e no pensar, propagam-se nessa doce melodia em que ninguém se pronuncia e em que o conforto alcançado é único porque tudo é partilhado.
Nesta minha dança dos sentidos onde a mágoa fica da porta para fora e ninguém sabe o que o amanhã trará, tudo é intenso, tudo é paixão… Tudo é efémero! Mas também, tudo é medo, medo que essa porta se abra e o mundo, esse mundo sem sentido, consiga entrar destruindo os sonhos de alguém que nunca adormeceu, não cresceu nem viveu.
10-01-2005