A minha falta de auto-estima e auto-confiança sempre me tramaram na hora de sentir orgulho nas diversas conquistas que fiz... Ter acabado o cursinho nunca me pareceu um grande feito (apesar de ter sido a única da família directa a fazê-lo). Andar montada no meu “cavalo” branco (leia-se “Renault Clio”), apesar de me deixar muito feliz, também não soa a nada extraordinário. Conquistar a independência e viver sozinha pareceu-me sempre algo importante apenas para mim (talvez porque o papá se recusa a aceitar que tem esta filha com mau feitio que não pactua com as idiotices de ter uma ralação só porque fica bem mostrar alguém ao lado e faz parte daquilo que a sociedade, ainda, espera de uma jovem).
Mas quando toca a sentir-me orgulhosa pelas conquistas daqueles que me rodeiam parece-me sempre que sou das primeiras na fila.
Hoje, li o meu nome nos agradecimentos de uma tese/dissertação/relatório de estágio e, passados tantos anos desde que essas coisas efetivamente fizeram sentido (e o mais comum era agradecer-se à tuna toda para não arranjar chatices), nunca pensei que isso voltasse a acontecer.
A verdade é que, mesmo que o meu nome não estivesse lá (e eu não sabia que ia estar), foi uma leitura que me impressionou e convenceu. Senti-me num daqueles rios de ideias subtilmente encadeadas, onde tudo aparece no sítio certo e na medida adequada, sem grandes floreios, com frontalidade e humildade para reconhecer erros e a inteligência para os tornar aprendizagens relevantes e realçar aspetos positivos. Senti-me feliz por pensar que foi um trabalho muito bem conseguido e que vem defender a minha teoria de “há coisas que não se medem ao metro”.
Ainda há miúdas assim, que nascem em décadas diferentes da minha mas que me vão convencendo com o passar do tempo (e das borgas), que não desistem de mim e conseguem que eu não desista delas, com quem não consegui partilhar nem metade da caminhada (mas fiquei a assistir de perto)... Ou então, há apenas uma miúda assim, que foi minha colega no mestrado em ensino da Matemática, que me fez ler um “testamento” sobre o papel da calculadora gráfica (logo eu que sou meio alérgica à tecnologia) e eu estou muito orgulhosa porque ela conseguiu, ela venceu o preconceito da imaturidade
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