10 de março de 2025

HLA ao poder!

 Olá, pessoas giras!

A semana passada foi espetacular... Só que não!

No sábado de Carnaval, armei-me em borboleta-fada madrinha e andei de varinha na mão a fazer magia, enquanto rapava um frio do caracinhas porque ainda ninguém se lembrou que o nosso Carnaval devia ser feriado oficial e celebrado no Verão.

Talvez por isso, a semana iniciou-se a meio gás. Aquela sensação de moleza, de pseudo gripe e de inércia, mas havia um desfile de Carnaval de criancinhas a exigir uma caixa de batatas fritas e uma mãe presente. Portanto, esta caixinha de Petri a chocar sabe-se lá o quê, foi para a rua estufar ao sol e congelar à sombra a implorar a todos os santinhos (não que eu acredite neles) para não chover.

No dia seguinte, foi dia de ir até Lisboa fazer as análises de rotina, sem direito a medicação e em jejum... E não correu bem. Mas como qualquer alminha longe de ser hipocondríaca e com alergia q.b. a batas brancas, lá desvalorizei o assunto e arranjei forças não sei onde para regressar a casa (se é para trabalhar em dias ruins, que seja remotamente). 

Nesse dia, se eu fosse uma pessoa capaz e tive ouvido o meu corpo, tinha percebido que algo não estava bem. Só que a vida não funciona assim, tinha a Princesa comigo, pedi ajuda só para tomar banho (não me apetecia ter uma travadinha e ser apanhada do chão por uma criança de 4 anos) e vida que segue.

Na quarta-feira, acordei estranha mas focada. Levei a criança à escolinha, trabalhei como se o mundo fosse acabar no dia seguinte (tal como tinha feito no dia antes) e combinei sair para almoçar. Uma parte de mim grita a plenos pulmões: "BIG MISTAKE!", outra parte retorce-se e pensa que seria muito pior ter fritado da pipoca sozinha em casa. Depois de almoço, tive que pedir ajuda para chegar a casa (da mana que era a mais próxima) e quase que fui levada a braços para casa dos papás (ainda ponderei a minha mas subir as escadas até ao segundo andar não pareceu uma atividade divertida naquela altura).

Por unanimidade, a família decidiu que uma sesta para descansar era tudo o que eu precisava... Só que não! Para que saibam, ligar para a saúde 24 foi a cena mais parva que inventaram, até porque eles seguem os manuais (após os 10 séculos em que o telefone toca sem ninguém atender) e reencaminham-nos como lhes faz mais sentido. Portanto, nesse dia, lá fui eu passear ao Hospital do Litoral Alentejano (com nauseas, fraqueza, mal estar generalizado e dores de cabeça).

Não foi um fim de dia simpático, entre ECG e análises de sangue, e todo o tempo de espera que isso implica, para me darem analgésicos e me mandarem para casa fazer a medicação pré-existente, sem qualquer ajuste, cheguei exausta (mas ao menos não tinha dores e podia dedicar-me ao descanso).

Infelizmente, quando o dia seguinte amanheceu eu já tinha dores de cabeça e liguei o PC apenas para preencher uma auto declaração de doença. Tentei todo o dia resistir às dores de cabeça, sem que os meus analgésicos normais fizessem efeito. Tentei dormir, sem que as dores deixassem. Percebi que tinha a tensão alta e tomei a medicação de SOS, sem qualquer efeito. E, depois de três horas com a tensão a 190-110 (eu não sabia que a minha mãe andava a fazer censura), lá dei por mim a ligar novamente à saúde 24, para ser novamente encaminhada para as urgências do HLA.

Desta vez, tive direito a um upgrade e a pulseira verde deu lugar a uma amarela. Novo ECG, novas análise, zero vontade de estar ali e zero drogas para me anestesiar (palhaços! chulos!). Quando o resultado da análise chegou, perceberam que faltava a mais importante porque uma das amostras de sangue tinha coagulado, e toca de repetir e esperar novamente. Deviam ser umas 23h30 quando o médico me chama e informa que vamos ter que repetir as análises, porque o valor do marcador cardíaco (troponina) tinha vindo alterado e era preciso verificar a evolução do mesmo, passadas duas horas da primeira recolha. À meia noite, lá fui eu fazer a recolha, já no desespero de saber que tinha que esperar mais duas horas pelo resultado. Passaram as 2h, 2h15m, 2h30m... 

"Não se esqueceram de mim, pois não? As análises já devem estar prontas." 
"Olhe, o Dr. diz que quer repetir as análises." 
"Mas já repetiu, será que não há nenhum engano!?"

Entretanto, o médico lá me chamou para me comunicar que íamos ter que repetir as análises, porque os valores continuam alterados e elevados, que o risco de ataque cardíaco era grande e que o melhor para mim era passar lá a noite em observação. Yuppie, yeah... Só que não!

A cada duas horas picavam-me num sítio diferente, para tirar sangue e evitar o uso do catéter para não haver contaminação pela medicação, mas ao menos deram-me uma maca e não tive que fazer sala naquelas cadeiras horrorosas e desconfortáveis. Lá me explicaram que qualquer valor acima de 100 exigia despiste de insuficiência cardíaca e eu andava nos 450. E de manhã, após uma TAC à cabeça e outra ao toráx, lá decidiram que o melhor a fazer era reforçar a medicação para a tensão, porque sem tiróide e com tensão alta as hormonas estavam certamente a fazer uma festa brutal, e receitar-me 50 mil analgésicos eficientes para manter as dores todas controladas.

Às 15h de uma sexta-feira, já não pensava e só me queria vir embora para ter uma noite de descanso na minha própria cama. Talvez por isso, a mancha / cena / alteração no pulmão esquerdo (indicada como possível inflamação), que só vi no relatório já em casa, pareceu o menor dos meus problemas.

Neste momento, devo ter umas 10 consultas marcadas de seguimento a tudo e mais um par de botas, 10 kgs de medicação para manter tudo dentro do corpo operacional e o Tico e Teco à luta sem saberem bem que raio de volta a vida deu (mas não lhes falta vontade de viver).

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