Olá, pessoas giras!
A semana passada foi espetacular... Só que não!
No sábado de Carnaval, armei-me em borboleta-fada madrinha e andei de varinha na mão a fazer magia, enquanto rapava um frio do caracinhas porque ainda ninguém se lembrou que o nosso Carnaval devia ser feriado oficial e celebrado no Verão.
Nesse dia, se eu fosse uma pessoa capaz e tive ouvido o meu corpo, tinha percebido que algo não estava bem. Só que a vida não funciona assim, tinha a Princesa comigo, pedi ajuda só para tomar banho (não me apetecia ter uma travadinha e ser apanhada do chão por uma criança de 4 anos) e vida que segue.
Na quarta-feira, acordei estranha mas focada. Levei a criança à escolinha, trabalhei como se o mundo fosse acabar no dia seguinte (tal como tinha feito no dia antes) e combinei sair para almoçar. Uma parte de mim grita a plenos pulmões: "BIG MISTAKE!", outra parte retorce-se e pensa que seria muito pior ter fritado da pipoca sozinha em casa. Depois de almoço, tive que pedir ajuda para chegar a casa (da mana que era a mais próxima) e quase que fui levada a braços para casa dos papás (ainda ponderei a minha mas subir as escadas até ao segundo andar não pareceu uma atividade divertida naquela altura).
Por unanimidade, a família decidiu que uma sesta para descansar era tudo o que eu precisava... Só que não! Para que saibam, ligar para a saúde 24 foi a cena mais parva que inventaram, até porque eles seguem os manuais (após os 10 séculos em que o telefone toca sem ninguém atender) e reencaminham-nos como lhes faz mais sentido. Portanto, nesse dia, lá fui eu passear ao Hospital do Litoral Alentejano (com nauseas, fraqueza, mal estar generalizado e dores de cabeça).
Não foi um fim de dia simpático, entre ECG e análises de sangue, e todo o tempo de espera que isso implica, para me darem analgésicos e me mandarem para casa fazer a medicação pré-existente, sem qualquer ajuste, cheguei exausta (mas ao menos não tinha dores e podia dedicar-me ao descanso).
Infelizmente, quando o dia seguinte amanheceu eu já tinha dores de cabeça e liguei o PC apenas para preencher uma auto declaração de doença. Tentei todo o dia resistir às dores de cabeça, sem que os meus analgésicos normais fizessem efeito. Tentei dormir, sem que as dores deixassem. Percebi que tinha a tensão alta e tomei a medicação de SOS, sem qualquer efeito. E, depois de três horas com a tensão a 190-110 (eu não sabia que a minha mãe andava a fazer censura), lá dei por mim a ligar novamente à saúde 24, para ser novamente encaminhada para as urgências do HLA.
Desta vez, tive direito a um upgrade e a pulseira verde deu lugar a uma amarela. Novo ECG, novas análise, zero vontade de estar ali e zero drogas para me anestesiar (palhaços! chulos!). Quando o resultado da análise chegou, perceberam que faltava a mais importante porque uma das amostras de sangue tinha coagulado, e toca de repetir e esperar novamente. Deviam ser umas 23h30 quando o médico me chama e informa que vamos ter que repetir as análises, porque o valor do marcador cardíaco (troponina) tinha vindo alterado e era preciso verificar a evolução do mesmo, passadas duas horas da primeira recolha. À meia noite, lá fui eu fazer a recolha, já no desespero de saber que tinha que esperar mais duas horas pelo resultado. Passaram as 2h, 2h15m, 2h30m...
"Olhe, o Dr. diz que quer repetir as análises."
"Mas já repetiu, será que não há nenhum engano!?"
Entretanto, o médico lá me chamou para me comunicar que íamos ter que repetir as análises, porque os valores continuam alterados e elevados, que o risco de ataque cardíaco era grande e que o melhor para mim era passar lá a noite em observação. Yuppie, yeah... Só que não!
A cada duas horas picavam-me num sítio diferente, para tirar sangue e evitar o uso do catéter para não haver contaminação pela medicação, mas ao menos deram-me uma maca e não tive que fazer sala naquelas cadeiras horrorosas e desconfortáveis. Lá me explicaram que qualquer valor acima de 100 exigia despiste de insuficiência cardíaca e eu andava nos 450. E de manhã, após uma TAC à cabeça e outra ao toráx, lá decidiram que o melhor a fazer era reforçar a medicação para a tensão, porque sem tiróide e com tensão alta as hormonas estavam certamente a fazer uma festa brutal, e receitar-me 50 mil analgésicos eficientes para manter as dores todas controladas.
Às 15h de uma sexta-feira, já não pensava e só me queria vir embora para ter uma noite de descanso na minha própria cama. Talvez por isso, a mancha / cena / alteração no pulmão esquerdo (indicada como possível inflamação), que só vi no relatório já em casa, pareceu o menor dos meus problemas.
Neste momento, devo ter umas 10 consultas marcadas de seguimento a tudo e mais um par de botas, 10 kgs de medicação para manter tudo dentro do corpo operacional e o Tico e Teco à luta sem saberem bem que raio de volta a vida deu (mas não lhes falta vontade de viver).
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