A agenda de hoje (em modo "eu tenho dois amores, que em nada são iguais, mas não tenho a certeza de qual eu gosto mais") passa pela escolinha da minha Princesa e pelo meus ambiente laboral.
A escolinha da minha Princesa é uma IPSS - Instituição Particular de Solidariedade Social, portanto, tem uma estreita ligação com a Segurança Social, o que implica uma comunicação frequente e algumas exigências em termos de processo.
Eu, mãe quarentona chata e, supostamente, privilegiada (visto que pago creche e no escalão máximo), venho de uma geração que aprendeu a defender os seus interesses e a ter opinião, mesmo quando isso não se alinha com as escolhas de vida da geração anterior. Ou seja, os meus pais nunca me ensinaram dicas de sustentabilidade, nunca me falaram sobre reciclagem e coisas desse género e nunca, mas mesmo nunca, defenderam que a falar é que a gente se entende.
Eu escolhi ser diferente e quero educar a minha fila de forma diferente. Portanto, para mim, é ridículo que me peçam para imprimir 12 documentos distintos (papel, papel e papel, e 50 mil árvores a serem abatidas), sendo que 10 deles já foram entregues nos dois anos anteriores, porque a versão digital dos mesmos não é aceite. "E porquê?" Porque a Segurança Social não permite.
Em cima disto, temos o tema de nem todos os pais terem acesso livre à internet nem aos equipamentos apropriados. Portanto, eu posso pagar mais mensalidade do que esses pais, mas não posso ter os processos adaptados. Eu posso ter as comunicações relevantes a serem impressas em papel e colocadas no dossier de cada turma, mas não posso receber um email (na loucura, também não pode ser tudo comunicado via Whatsapp porque ainda pode haver alguém que não vê a informação).
Na segunda-feira à noite, houve reunião de assembleia com a direcção da creche e dei por mim (felizmente não era a única que assim não parece tão mal) a debater o sexo dos anjos: "Meus amigos, temos a mulherada toda desta casa a trabalhar infeliz, com zero vontade nos ajudar, o que é que podemos fazer de forma diferente!?".
Nessa noite (achei eu), o meu pico de loucura foi atingido. Os meus nervos estavam ao rubro (mesmo depois de dois chás de camomila), o meu riso nervosa atraiçoava-me a cada frase e, se eu pudesse, tinha mudado a forma toda de funcionar daquela casa ali mesmo.
Feliz ou infelizmente, eu percebo zero sobre futurologia e, no dia seguinte, a saga repetiu-se (só mudou a casa). Dia de avaliações de fim de ano na empresa e um incrível banho de realidade.
Na empresa em que trabalho agora, trabalho completo ou incompleto tem valor igual, entregas acima da média ou entregas a cumprir os mínimos olímpicos valem igual, ter 12 anos de experiência ou ter 4 tem valor igual... E a culpa é de quem!? É cultural! Porque se nós não fossemos tugas e partilhássemos estas informações todas e mais algumas, a empresa continuava a tomar-nos por parvos sem qualquer dilema.
E como, qualquer uma destas sagas está longe de terminar, eu fico-me por aqui. Vou apanhar sol, sentar-me a ler um livrinho, relaxar e exorcizar veneno, porque o stress faz mesmo mal à pele (e à tensão e ao coração).
Bom fim de semana!
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