26 de dezembro de 2012

Foi Natal

Como dizia, sabiamente, Luís Vaz de Camões:

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.”

A tradição já não é o que era… Felizmente! Por isso, este Natal (o primeiro em 29 aninhos) teve gosto a filme americano, já que o meu maior desejo era ter um Natal em família, daqueles com a casa cheia, comida que nunca mais acaba, lareira acesa e carradas de mimo por metro quadrado (sem margem de manobra para alguém acabar por adormecer num qualquer sofá antes mesmo da missa do galo).

Este ano, fiz as pazes com o Natal, logo durante os preparativos para o mesmo, no meio dos 50500 doces que a mãe decidiu fazer e a desinfectar-me com a aguardente do pai (garanto que queimou tudinho pelo caminho). E nem foi preciso “dar a volta” a um homem, bastou pedir com jeitinho, porque às vezes eles desejam o mesmo que/para nós só não têm coragem para sair da zona de conforto.

O Natal ganhou um brilho diferente, ganhou uma dinâmica nova e agora sim, já aceito que me digam que é um dia como os outros, porque esta família que se junta tantas vezes no ano (já que tudo serve de desculpa para um petisco bem regado) já tem uma história de Natal para contar.

Não foi por ser Natal, nem porque o convívio familiar flui melhor em volta de uma mesa mas tive direito àquele que é, neste momento, um dos meus maiores orgulhos do contexto familiar: pão a sério, feito daquela massa que fica ali em espera a crescer e a crescer, amassado por braços cada vez mais cansados mas que não dão descanso, num forno também ele caseiro (a guerra que eu tive para calcular a superfície esférica do dito cujo quando os tijolos já tinham sido comprados na conta certa), onde a lenha perde a forma para aquecer tudo em seu redor… E fazer magia:

pão

1 comentário:

Carolina Mendonça disse...

Eu acho que ja provei dessa pomada do teu pai... e os doces da mae, tal como tudo nessa casa, e de comer e chorar por mais. Foi por ai que conheci os famosos passarinhos fritos e a feira de grandola. Apesar de estar a mts km de casa estava em casa...