23 de dezembro de 2024

Ao fim de 2024

 Olá, pessoas giras!

A reta final de 2024 chegou, com alguns requintes de malvadez e muitas histórias mal resolvidas, portanto, é chegada aquela altura fantabulástica de fazer balanços, de olhar para trás e perceber que este ano foi só mais um de montanhas russas brutalmente intensas mas com saldo francamente positivo.

Neste ano, que agora termina, perdi-me de mim... Entre batalhas judiciais, aspirações pendentes de 2023 e exigências da vida, entrei numa espiral descendente de "viva la vida loca" e vi jeitinhos de nem perceber os meus desejos para o dia de amanhã.

Iniciei o ano a viver em casa dos meus pais e cedo percebi que não era vida para mim. Adoro-os mas temos objetivos diferentes, formas de ver a vida diferentes e, ainda por cima, não quero educar a minha filha como eles me educaram a mim (não que tenham feito um mau trabalho, porque todos os pais fazem o melhor que podem com aquilo que têm ao alcance). Portanto, numa tentativa de fuga, comecei a viver a vida em modo semana sim, semana não, com criança em casa dos pais, sem criança em cada da mana.

No Carnaval (sim, eu adoro o Carnaval, vou sempre gostar de Carnaval e amigo não empata amigo, podem ficar todos em casa a fazer frete que se eu puder, vou mascarar-me e rir até de manhã), a minha vida mudou. Conheci um mundo de gente gira e simpática e percebi que o mundo da vila não é feito só de lavradores e caçadores betinhos (até na sede dos Piratas do Inferno eu fiz amigos).

Nos meses seguintes, seguiu-se a saga do divórcio e tentar explicar a uma alminha que depois do divórcio é preciso tratar das partilhas, que de nada serve um papel do tribunal a dizer que já não tens um vínculo com aquela pessoa se continuam a partilhar as contas e a casa onde ele vive também é tua. Felizmente, "só" foram precisos 5 meses e umas 50 amigas coloridas para ele "ceder". Sinto que nestes meses não tive capacidade para mais nada, mesmo tendo mudado de emprego, porque me sentia a empurrar a vida com a barriga.

Em Outubro, mesmo sem as responsabilidades parentais da Princesa resolvidas, senti que tinha subido na vida, que estava pronta para enterrar o machado de guerra e ser eu. Mas ninguém disse que a vida burocrática era fácil e vou terminar o ano amarrada a um crédito habitação de uma casa que não me pertence porque a inércia de quem devia tratar disso é gigante.

Nestes últimos dois meses, voltei a sonhar. A ambição de ter o meu próprio cantinho voltou, o desejo de ter os meus horários e voltar a fazer as coisas de que gosto e que me faziam feliz. Entretanto, a batalha pela guarda da Princesa também ficou fechada (lá convenci a família que a residência alternada pode não ser a melhor coisa do mundo mas pai e filha pertencem à vida um do outro) e ganhei mais 50500 kgs de paz de espírito.

Portanto, deixo muita vida chata em 2024 e estou pronta para abraçar o mundo no novo ano. Ano novo... Cabelo novo, lentes novas a tempo inteiro e, quem sabe, a vida nova de que tanto falam. 2025 vem com tudo que eu estou mais do que pronta 😉

9 de dezembro de 2024

Amor próprio

Olá, pessoas giras!

Hoje a minha divagação leva-me diretamente para o amor próprio. Dei por mim a pensar qual foi o momento da vida em que deixei de gostar de mim.

Por diversas vezes, ao longo da vida, damos por nós a sentir que batemos no fundo (o que nem é assim tão mau porque a partir dali só pode melhorar). Eu, com a veia pessimista a fazer das suas, já nem me preocupo por estar no fundo do poço, porque acho que isso é uma constante, e entrei na fase em que me incomoda imenso sentir que arrasto comigo quem se cruza no meu caminho.

O meu doutorzinho disse-me que a única coisa de que necessito para me orientar é um espelho... E colocar o foco nas coisas boas (se me esqueço da chave de casa apenas uma vez no mês, porque tem isso mais valor do que as outras vezes todas em que me lembrei!?). Será que alguém lhe pode explicar quão complicado isso é para uma taurina pessimista?

A verdade é que não ando a cuidar de mim como devia, nem a ouvir-me nem a respeitar-me (e agora que penso nisso, questiono como nem percebi o "peso" desta bola de neve). Mas é difícil fazer diferente.

Sinto e sei que "é uma fase", que ter o meu próprio espaço vai fazer diferença, que andar entretida a limpar energias e harmonizar espaços me vai encaminhar para o que verdadeiramente importa... Podia era ser tudo para ontem e eu não estar simplesmente à espera da vida acontecer, enquanto destruo mais umas células da já reduzida auto estima.

Há um trabalho duro a ser feito, uma caminhada de descoberta que se antevê longa e uma esperança ténue de conseguir voltar ao meu eu de 2012 quando aluguei casa na Amadora (com telemóvel só para mensagens e chamadas, sem TV, a exercitar-me e a viver numa casa praticamente vazia).

Graças a todas as energias do planeta, sonhar é grátis 💪

4 de dezembro de 2024

O amor maior (4 anos depois)

Há 4 anos, por esta hora, já tinha escolhido os produtos da L'Oréal que queria comprar com desconto (numa campanha interna da empresa em que trabalhava na altura), diretamente da cama do hospital; já tinha amaldiçoado os quilos de oxitocina ganhos na noite anterior, num pseudo jantar de Natal (em tempos de COVID), com pessoas que nem me tinham visto grávida; já tinha melgado a minha doula de coração, para desabafar a desistência ante a epidural ("se ela vai nascer só de manhã, quero drogas para descansar durante a noite").

Há 4 anos, estava longe de saber o que me esperava e ansiava que, com o esvaziar da barriga, fosse inundado o coração. E não foi assim. Fiquei só tremendamente feliz porque não achei feio o bebê que tinha em cima de mim, coberto em gosma e com o cordão umbilical a limitar os movimentos.

Há 4 anos, se me dissessem que ia ver os vídeos dela de bebê e olhar com ternura para os primeiros passos e para o sorriso rasgado, não ia acreditar. Ter uma criança nos braços é intenso e avassalador, é aquela sensação de que aquela vida, naquela fase, depende em tudo de nós e o "nós" deixa de ter lugar porque ela é tudo.

Há 4 anos, ela não tinha uns caracóis lindos de morrer (ali debaixo também existirão muitas histórias para contar), não dava abraços apertados para que o coração dela batesse "dentro" do meu, não dizia "tive tantas saudades tuas" nem o "gosto tanto de ti". Mas já tinha o feitiozinho da mãe e fugiu-me logo dos braços nos primeiros minutos, ou não tivesse ela trocado os planos todos e nascido 4 semanas antes.

Há 4 anos, não sabia o que era amar (amar a sério a sentir que dás tudo para ver a outra pessoa feliz)... Mas agora sei! 

Estou grata por me mostrares isso em cada dia que vivemos juntas, mesmo quando não queres ser mais minha amiga (porque não digo só que sim a tudo). A mãe é tua "e de mais ninguém"!

Parabéns, meu amor!