Em tempos muito idos, quando dava espaço à minha veia de escritora de livros que alcançam grande sucesso comercial, eu escrevia sobre as aventuras de Luisa, uma mulher impressionante e destemida que foi, e será sempre, a protagonista dos meus devaneios.
Luisa foi inspirada numa grande mulher que cruzou a minha vida nesses tempos, que escondia lindas histórias debaixo dos caracóis dos seus cabelos, e que a vida universitária afastou de mim porque as nossas escolhas nos encaminharam para códigos postais opostos.
No fundo, ambas sabíamos que era o natural seguimento da vida e que as betinhas que tínhamos sido em tempos, lado a lado, não existiam mais. Mas também não fizemos o devido esforço para fazer diferente e seguimos o caminho mais fácil.
Com o passar dos anos e as diferentes etapas da vida, há batalhas que deixamos de travar, há encontros que acontecem naturalmente, mesmo que seja nos parques onde as crianças se juntam para andar de escorrega, e há semelhanças nas experiências de vida que tornam tudo super simples e descomplicado.
Nesta fase, em que me dediquei afincadamente a destralhar, encontrei as diversas prendas que trocámos (com mais ou menos simbolismo) e que continuo a guardar como se de uma religião se tratasse. Essas memórias de outros tempos souberam-me imensamente bem, serviram como lembrete de parte de quem eu ainda sou e do que me faz feliz.
Obrigada, "Luisa"!