20 de novembro de 2024

O irmão do meio, o rapaz mais velho

 Olá, pessoas giras!


A vida voltou a tramar das suas e passou uma rasteira aos olhos azuis mais alegres que alguma vez conheci na vida, o Bruno tinha apenas mais 4 anos do que eu e já está à nossa espera lá do outro lado. E eu percebi que continuo sem saber lidar com a morte.

Conheci o Bruno no auge da minha inocência, de menina do campo, deslumbrada com o irmão mais velho (lindo que dói!) do coleguinha de escola. Apaixonava-me por aquelas boleias para a escola, em que ele sorria no banco da frente e se fingia indiferente à minha paixoneta infantil.

Não me dei conta, quando o cancro o "atropelou" pela primeira vez... Porque não lhe roubou nunca o sorriso do rosto, nem lhe tirou o brilho no olhar. Acho mesmo que só percebi que a vida não estava a ser meiga com ele quando chegou a altura em que decidiram amputar-lhe a perna. Para ele, foi apenas uma troca "ok, eu dou a perna mas fico com a vida". Ele re-aprendeu a andar, adaptou-se à prótese e continuou a sorrir, igual a ele próprio.

Entretanto, os cancros foram-se sucedendo uns aos outros... Talvez umas metástases perdidas, escondidas atrás de uma qualquer orgão menos adepto das quiomio / radioterapias, talvez uma recidiva inesperada. E ele combateu todos, dava o peito às balas e sorria, enquanto o corpo sofria.

O Bruno era o nosso Suíço mas, no fundo, ele era do mundo. Ele procurou o código postal que lhe permitiu sentir-se melhor consigo e, nos últimos tempos, espalhava charme por terras algarvias. Foi por lá que foi encontrado caído na rua, em paragem cardio respiratória, e é apenas isto que se sabe.

A minha vontade continua a ser abanar a cabeça e dizer que não, que não é verdade, que não pode ser, que a vida não seria assim tão injusta... Mas não vai adiantar de nada. Ele partiu, descansou e eu não tenho a menor dúvida que ele deixou um pouco de si em cada alma que teve a felicidade de cruzar o seu caminho.

12 de novembro de 2024

WebSummit 2024

Olá, pessoas giras!
Hoje foi dia de WebSummit, com o patrocínio das Women in Tech que me ofereceram o bilhete. Talvez por isso, as palestras que escolhi assistir estavam maioritariamente relacionadas com igualdade de gênero ou gestão de pessoas.

Acho que foi a primeira vez que fui ao WebSummit sem a obrigação, antecipada, de apresentar algo à empresa em que trabalho (que apenas me cede o dia para uma atividade diferente visto que nem tem que pagar nada)... E soube bem.

Obviamente, aproveitei a oportunidade para ouvir palestras sobre data governance e data ownership, mas sinto que investi mesmo mais tempo em perceber como a inteligência artificial pode ajudar as empresas a gerir e reter talentos (algo que já percebi que me cativa mesmo).

Mas... O primeiro pensamento que tive assim que cheguei ao evento e me sentei para a primeira palestra foi: "Fire Flamingo, este sim é o futuro do trabalho e ninguém vai falar dele neste tipo de evento".

A malta que trabalha na área da tecnologia está mais desperta para este tipo de realidade e este tipo de conceito, em que o objetivo de vida está longe de ser trabalhar até á idade da reforma (até porque os valores da inflação não vão deixar grande retorno ao valor que teremos direito quando chegar essa altura). Mas ninguém quer assumir que, se pudéssemos verdadeiramente, só trabalhávamos em part-time ou deixávamos mesmo de trabalhar para nos podermos dedicar ao que nos apaixona. Portanto, o fire continua a ser um assunto tabu nestes ambientes ("mais perdem!").

2 de novembro de 2024

A procurar o mesmo que a Alice

Um novo mês que começa, marcado pela angústia e a certeza que o caminho não pode ser por aqui.

Olá, pessoas giras!
Rumamos a passos largos para o final do ano, que traz consigo o primeiro aniversário da mudança mais radical da minha vida... 
Passados estes meses (e finalmente quase com a burocracia toda resolvida - partilhas feitas e uma criança em residência alternada), ainda não ultrapassei o divórcio [e achei sempre que iria tudo ao sítio por magia assim que os papéis estivessem assinados e a vida continuasse].

A vida colocou no meu caminho um anjo da guarda, alguém que entrou na minha vida para me colocar travão, para me mostrar que não sou a gaja mais idiota do mundo, um capricorniano careca gordalhufo com uma pontada de arrogância, com uma relação estranha com a mãe. E eu vi a minha vida a andar para trás! E fugi, obviamente (ou nem seria eu).

Durante muitos anos, ouvi dizer que um raio não cai duas vezes no mesmo sítio, mas deixei de acreditar nisso. O nosso cérebro é manhoso, desenvolve padrões, identifica hábitos e conduz-nos na direção da nossa zona de conforto... Se nós deixarmos. Aquilo que nos encantou e deslumbrou uma vez, facilmente repete a proeza, e se já fizemos o teste e sabemos como vai acabar... Fight or flight!?

Como em tudo na vida, não há respostas certas! Alguém muito sábio me disse que é tudo uma aprendizagem, e eu sei que sim. Talvez por isso, recordo com saudade aquela fase em que prioritizei a minha descoberta espiritual, porque há qualquer coisa desta situação que eu preciso aprender (e se vivo a repetição é porque não fez efeito). Quem sabe não é pelo divino que devo fazer o meu caminho!?

26 de setembro de 2024

Já não falta tudo

 Olá, pessoas giras!

Hoje, apesar de não ser sexta-feira, é um dia bom, é dia de leveza e elevado estado de espírito. E sim, eu sei que esse não tem sido o sentimento das últimas partilhas mas a vida está a mudar e, em breve, poderá recomeçar (já se vê a luzinha ao fundo do túnel e, desta vez, eu confio que não é um comboio).

Ontem foi, finalmente, dia de formalizar as partilhas pós divórcio e assinar papelada. Portanto, sou quase quase uma mulher com a folha limpa no Banco de Portugal (podia ser já hoje). Apesar de toda a espera e todo o stress que um evento desta natureza acarreta, fiquei feliz e até consegui fazer conversa de circunstância e piadas secas (houve um pedacinho de mim que também esteve presente).

Mais engraçado é perceber o pânico familiar por partilhar estas conversas... Como é que se explica a alguém que independentemente das escolhas que fazemos e do rumo que damos à nossa vida amorosa, as pessoas do passado não nos são indiferentes? E que, neste caso específico, vamos ter juntos um projeto para a vida? 

"Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós." (Antoine de Saint-Exupery)

Hoje começa a saga de voltar ao mercado (imobiliário), só para perceber que Grândola agora é quase Comporta e o valor das habitações está total e completamente inflacionado. Simultaneamente, para perceber que um dos imóveis disponíveis na categoria dos mais interessantes é exatamente no prédio ao lado daquele em que vive o ex-marido. HAHAHAHAHAHAHA. Não vai acontecer!

Um dia de cada vez, uma pesquisa de cada vez, uma tentativa de cada vez... Aos poucos isto vai lá.

24 de setembro de 2024

1 ano de Mintos

 Olá, pessoas giras!

Há um ano atrás, decidi armar-me em pessoa capaz e entendida (já que nessa altura já tinha adquirido o desejo profundo de me reformar antecipadamente) e decidi explorar uma plataforma de P2P (um tipo de investimento em que emprestamos o nosso dinheiro a empresas que emprestam dinheiro a terceiros).

Naquela altura, era uma pessoa da classe média, com um bom emprego, casada, com um marido também a trabalhar e uma casa quase paga, senti que podia sonhar um pouco e correr o risco de investir 25 euros mesmo que nunca os voltasse a ver.

Lembro-me de explorar a plataforma da Mintos como se fosse um "burro a olhar para um palácio", com a perfeita noção que as taxas de retorno altíssimas que eles apresentam estão também associadas a um nível de risco gigante (é um daqueles casos de pescadinha de rabo na boca, se a pessoa a quem o dinheiro foi emprestado não paga, a empresa a quem emprestamos o nosso dinheiro também não nos paga).

A experiência foi gira e excitante, no início, e rapidamente se tornou rotina. Toda a gente diz que não devemos andar todos os dias a controlar os nossos investimentos mas a verdade é que não somos todos iguais e aquilo que funciona para uns pode não funcionar para outros.

A FIRE, do blog Dama de Ouros, diz que este tipo de investimentos é como sushi - "ou se ama ou se odeia" - e eu, até certo ponto, concordo com ela (só porque ela não gosta de sushi). Eu fui experimentando a plataforma aos poucos, fiz investimentos parvos, fiz compras idiotas, explorei a loucura do mercado secundário, consolidei conhecimento e apaixonei-me perdidamente!

Hoje, não passo um dia sem entrar na plataforma para reinvestir o valor que entretanto vai ficando disponível e digo, com orgulho, que apesar das taxas malucas que eles oferecem (até porque o dinheiro que investi não entrou todo na mesma altura e não me dou ao trabalho de fazer uma análise cêntimo a cêntimo), passado um ano tenho uma taxa de retorno efetiva de 8%. Tendo em conta que o primeiro ano é aquele em que se fazem as maiores asneiras, sinto-me brutalmente feliz com este número.

Entretanto, a plataforma cresceu e alargou a abrangência do negócio, agora tem também a possibilidade de investirmos em obrigações, imobiliário e ETFs (conceitos que há dois anos eu não fazia a menor ideia do que representavam fora do departamento da gestão e poupança do Novo Banco) e eu continuo a explorar todo este mundo (apesar de a vida ter mudado completamente e agora saber que não posso correr o mesmo tipo de risco porque preciso de cada cêntimo para comprar a minha futura habitação permanente).

E, pela primeira vez, ainda que sinta que sem necessidade, vou fazer o disclaimer que mais leio nos últimos tempos, porque sei bem que é assim que este mundo dos investimentos funciona: nada disto representa aconselhamento financeiro, é apenas a minha opinião isenta sobre a plataforma. 

Se quiserem experimentar por vossa conta e risco, deixo aqui o meu referral link, que só me daria direito a alguma coisa (50 euros) e a vocês também (50 euros + 1% do valor médio investido nos primeiros 90 dias), caso decidissem investir pelo menos 1000 euros nos primeiros 60 dias, o que para alguém que começa a explorar este mundo é algo que muito dificilmente acontece.

9 de setembro de 2024

Humor

 Olá, pessoas giras!

Uma nova semana se avizinha e há que estabelecer o humor para a mesma, nada de choros ou estados depressivos que as tristezas não pagam dívidas e tudo se enfrenta melhor de cabeça erguida.

Esta semana temos coração apertadinho, que o regresso às aulas da Princesa está a ser uma valente porcaria e aquele cu de mimo consegue comover até as pedras da calçada mas, é mais um daqueles dias do passa-ao-outro-e-não-ao-mesmo e uma pessoa nem sabe bem qual a postura que deve adoptar.

O Setembro vai no início, os recomeços vão no início e eu só quero que alguém no Tribunal de Santiago do Cacém dê corda às mãozinhas e dê um empurrão simpático na minha vida (não quero uma audiência, não quero uma marcação, não quero um requerimento do outro mundo que tenha que ir ao supremo juiz, é só uma certidão de divórcio).

Sei bem que direciono a frustração para o tribunal, porque as férias judiciais pareciam nunca mais acabar (e agora que acabaram nada acontece) mas a burrinha sou eu - e aqui nem se aplica a expressão "estudasses", era mais um "tivesse sido besta mais cedo" (é parvo, mas parece que as pessoas só fazem as coisas acontecer quando têm os calos apertados).

Ainda assim, sei que o que por aí vem é o cenário equilibrado. Uma luta judicial por partilhas ia ser feia porque a minha costela "se eu não fico com metade do que me deu tanto trabalho a conquistar então tu também não ficas" ia subir paredes e era mocinha para vender a casa (que agora é quase uma casa na Comporta onde o nível de vida está todo inflacionado) por 2 tostões furados e agora cada um que se desenrasque. É só ter mais um pouco de paciência (que nunca tive na vida, portanto, nem sei onde vou arranjar agora) e esperar mais um pouquinho.

6 de setembro de 2024

No fosso

 Bom dia, pessoas giras!

Há muitas alturas na nossa vida em que o regresso é difícil... Regresso à rotina, regresso a casa, regresso a abraços que nos querem bem, regresso a sítios onde já fomos felizes... Dá para perder a conta!

Setembro costuma chegar carregado desta conotação, com o regresso às aulas (quer seja para as termos ou não), mas eu, por aqui, continuo à espera de ter direito ao regresso (e quem me conhece minimamente bem sabe que odeio esperas).

De momento, tenho dificuldade em voltar aqui, porque só me apetece escrever e explorar lixo... E as lágrimas rolam pela cara abaixo como quem reclama pelo seu momento de glória e quer o seu momento de atenção. Estou de novo como a lua ou como o período, com fases, semanas boas e semanas menos boas. Mas não quero desistir de partilhar quem sou, de recordar por onde andei e onde estou, onde cheguei.

Um dia de cada vez, um soco de cada vez, uma luta de cada vez, uma batalha de cada vez... Aos poucos isto vai lá.


21 de agosto de 2024

Pós férias em Évora

Olá, pessoas giras!

Mais uma semana se passou, curiosamente uma incrível semana de férias em terras alentejanas, que eu nem fiz questão de explorar (abençoadinha piscina e abençoado bar do hotel).

Apesar da constante "vida de mãe", das ranhocas e das febres (até mesmo dos cocós na fralda espalhados por tudo quanto era roupa, parte do corpo e sofás do hotel), o objetivo foi cumprido com sucesso: ganhar alguma corzinha no lombo e descansar.

Já o regresso não foi tão espirituoso, a Catarina tem escapado nos pingos da chuva, só com uma ranhoca, mas a mãe parece ter sido atropelada por um Godzilla fofinho, daqueles que que nos suga apenas a liquidez mas deixa a bicharada toda a rabiar em seco. Ou seja, estou entupida, estou congestionada, mas tudo como se fosse um peixe a agonizar fora de água, às secas.

Perante este cenário, encontro alento nas minhas eternas aliadas - contagens decrescentes!

Faltam 0 dias para o aniversário do Patriarca, que não entente quão duro é para uma quarentona voltar a estar debaixo da asa dele e ter que lhe prestar contas. 71 anos do cota, que venham muitos mais.

Falta 1 dia para a Feira de Agosto 2024, o evento mais aguardado de terras grandolenses, que ao fim de uma ou duas noites já perdeu a piada (mas não vamos contar a ninguém) e continua a ser aquele spot onde se encontra toda a gente que decidiu fugir daqui mas que acha que tem que voltar nestes dias como se de uma romaria se tratasse.

Faltam 10 dias para o fim das férias judiciais, para que os tribunais voltem a trabalhar em pleno e enviem às pessoas as certidões que elas precisam para poderem fazer as partilhas pós divórcio e seguirem com as suas vidinhas.

Pelo meio destes mega eventos, há-de chegar o regresso às aulas, que felizmente se nota muito pouco no modo pré-escolar. Há de ocorrer um desfralde, assim a D. Catarina colabore porque a preguiça de largar a brincadeira e fazer as suas necessidades está a dificultar o processo. E, na loucura, um dia exclusivamente para mim, dedicado apenas e só a não fazer nada (este último tratando-se de algo muito aspiracional visto que já gastei as férias, e a verba, e ao fim de semana anda tudo a controlar para onde tento fugir).