27 de junho de 2025

O dia B

Desde que voltei a esta vida de escrita de bloguista, senti sempre que existiam por aqui mais olhares do que eu gostaria e isso fez com que eu me "encolhesse".

Se fosse o caso de serem só os ex (se são ex já sabem muito mais do que o público geral, portanto, não lhes ia acrescentar nada de valor), mas A partilha com B e B partilha com C e ainda há os 50500 que dizem que não precisam de mim na vida, porque sabem bem onde vir cuscuvilhar, e eu, claramente, não preciso disso.

Mas, enquanto não decido se fecho ou não a porta aos olhares curiosos, vou partilhar tudo como se nada fosse.

Hoje foi o dia B e, desta vez, não foi o dia B de viagem para algum lado, foi o dia B de benigno.

Quando nos falam em nódulos pela primeira vez, o comum dos mortais pensa sempre que é algo normal, que pertence aos 95% dos casos que não significam nada ou que dos 5% que são maus, na hora da verdade o resultado é favorável (mesmo quando há uma veia pessimista a falar mega alto).

Quando nos falam em nódulos pela segunda vez, o chão desaparece debaixo dos nossos pés. É impossível não pensar que fomos brindados com um amiguinho do anterior, que ficou escondido á espera, ou que as nossas células são uma bela porcaria e têm todas brinde. Quer sejam 44mm ou 60mm, só conseguimos pensar que não importa o tamanho, o que importa é o que se faz com ele (e, se depender de mim, é cortar fora o pedaço e estimar a parte que fica).

Não seria eu se não corresse atrás de 50 médicos e outros tantos exames (querias estar de baixa para recuperar mas a vida tem planos diferentes), para chegar a um dia como o de hoje: "Tem uma não-sei-quantos-plasia não-sei-que-mais aumentada BENIGNA"

Gente gira, ainda não é desta!
Não sei os próximos passos, não sei as implicações, mas sei que não é cancro e isso para mim já é lucro.

24 de junho de 2025

Amar é...

Conceitos soltos que aprendi sobre o que é amar, enquanto explicava a alguém que agora escolho amar-me a mim e, se não for pedir muito, amar a vida.

  • Assobiar na rua, depois da meia noite, sem medo de acordar os vizinhos;
  • Oferecer o ombro, o sofá, a mantinha, o comando, o café, o chá e até a bacia da casa de banho;
  • Espreitar à janelas, vezes sem conta, na esperança de encontrar a pessoa amada, numa das suas caminhadas;
  • Tentar esconder o sorriso e o brilho no olhar, que já iluminaram o espaço todo em redor, quando a pessoa amada aparece (no nosso dia, na nossa frente ou no mesmo sítio em que estamos);
  • Acreditar que não são precisos jogos de palavras nem dúvidas no ar e assumir "Gosto de ti" (ou qualquer outra expressão do gênero que signifique a mesma coisa);
  • Querer dar o passo maior que a perna e querer mostrar ao mundo a imensidão desse amor (logo a partir dos primeiros 10 segundos de um "sim, podemo-nos encontrar");
  • Deixar ir!

17 de junho de 2025

Segundo de 2025

 


As quatro verdades são conceitos simples que temos tendência a esquecer-nos ao longo da vida: ser impecável com a nossa palavra; não levar nada a peito; não tirar conclusões precipitadas e dar sempre o nosso melhor. Porque a própria sociedade e a forma como somos educados manipula a nossa forma de estar e de pensar. Mas só depende de nós fazer diferente.

16 de junho de 2025

Carta aberta ao meu ex

Olá, olá!

Hoje é o dia.

Há uns tempos valentes que eu devia ter começado a organizar o cérebro, mas a inércia tomou conta de mim e a vida por objetivos estava a funcionar que eu fui arrastando tudo. Mas agora que a maior parte dos temas está fechado, que tirando a saúde já está tudo em piloto automático, está na hora de voltar a ser eu.

Primeiro, a carta aberta segue por esta via porque eu sou muito burrinha, e desde que voltei a escrever aqui que o meu maior receio era mesmo "quem lê estes desabafos" (mas a verdade é que a escrita em papel que tantos advogam como milagrosa, não funciona assim tão bem para mim), mas tenho perfeita noção que há coisas que sabes, comentários que fazes e referências que nunca seriam possíveis se não passasses por aqui.

Segundo, a necessidade da carta aberta existe porque eu ainda não fiz as pazes com a situação (há vários temas da separação / divórcio que nunca foram endereçados, nem vão ser, mas que eu preciso de "deixar ir").

Há coisas que eu não vou ser capaz de esquecer nunca, mesmo sabendo que no "calor do momento" se diz muita asneira, como a tua resposta à minha sugestão de darmos um tempo e ficar cada um de nós uma semana com a Catarina, na casa de família, e na outra semana ficarmos com os nossos pais/mãe. A indignação que mostraste por teres que assumir à tua mãe que o teu casamento não estava bem nunca me fez sentido (não se assume que não está bem e se tenta resolver mas assume-se que vai cada um à sua vida) mas, agora, respeito. Nunca foi novidade para mim quem era a prioridade (contra mim falo que só agora iniciei o processo de colocar a minha família no devido lugar, ou de me colocar a mim no devido lugar face à minha família). Em cima disso, ouvir-te dizer que posso ficar com tudo excepto a Catarina e o Stout pareceu-me algo digno da canção da Ágata ("tira-me tudo na vida e o mais que consigas mas não fiques com ele"), bem sei que sempre tive a veia de mãe adormecida mas, da mesma maneira que não querias ser afastado da vida dela, não me parece muito lógico achares que eu o faria.

Toda esta mágoa faz-me sentir que ainda não fechei o capítulo (e, claramente, enquanto não termina um não há nenhuma forma de outro começar de forma pacífica e serena). Já estou muito orgulhosa por sermos pessoas capazes e trocarmos mensagens e alinharmos as coisas da Catarina (e até outra partilhas aleatórias sobre empregos ou tecnologia), sinto que fizemos um progresso gigante para não sentir vontade de te espancar a cada pergunta distraída que fazes (eu sei que já eras assim antes e que tinhas uma gaja espetacular, linda de morrer com uma memória incrível para te lembrar de tudo, mas se calhar agora precisas apostar mais nos lembretes do google 😁). Só que ainda temos que alinhar uma coisa ou duas, tipo não me avisares na véspera quando precisas que fique com a Catarina para trabalhares, ou não recusares sempre que questiono se podes ficar com ela (convém que uma mão lave a outra, porque eu também tenho vida, simplesmente - já - acho que dá para tudo).

Eu já não tenho nenhum interesse romântico em nós. Obviamente, vou guardar os nossos anos muito felizes, vou recordar as datas marcantes e vou fazer o melhor para que a Catarina transforme a expressão "quando eram amigos" para algo tipo "quando viviam juntos". Sinto que ainda carregamos o peso das meias palavras, do que gostávamos de dizer mas não conseguimos, e sem ultrapassar isso continuamos a alimentar um capítulo mal resolvido.

Enquanto permitirmos, vai continuar a ser estranho estarmos juntos. Arrisco dizer que será 50500 vezes mais simples quando cada um de nós tiver encontrado a sua nova cara metade e nenhum dos nossos antecessores familiares estiver por perto. Mas o meu lado espiritual ainda não embarcou pela futurologia e não consigo fazer previsões desta natureza.

Lamento que a vida em Grândola não faça sentido para ti (quer se queira quer não, uma vida sem ter que fazer "piscinas" entre códigos postais ia fazer diferença), também não fazia para mim e ando a aprender a fazer resultar (até já exploro alternativas para ser uma pessoa capaz e trabalhar por aqui), porque sinto e sei que para a Catarina é o melhor.

Respeito e aceito quem és, reconheço os momentos de insanidade temporária e coração ao pé da boca e agradeço por tudo o que vivemos.

Obrigada, pai da Catarina!

9 de junho de 2025

Revisões

Olá, pessoas giras!!

Os últimos tempos têm sido um pouco atribulados... 

Fui á revisão e os valores da tiróide e marcadores tumorais estão ok, mas algo de errado se passa internamente e temos que fazer outro tipo de abordagem. Vou ser encaminhada para a medicina interna e fingir que participo num daqueles episódios do Dr. House, onde se exploram as diferentes teorias de doença para despistar e encontrar o caminho correto para a cura. Mas antes que o Tico e o Teco se atirem da janela, estou de baixa á procura de mim mesma.

Simultaneamente, troquei (finalmente) os pneus do carro e marquei a pseudo revisão que ele precisa. Esta coisa de deixar, ingenuamente, o depósito na reserva dá sempre porcaria e ele voltou a processar aos soluços e perder força. Está na hora de optar por medidas drásticas e levá-lo a uma oficina parceira da marca para ver se tratam dele de ponta a ponta e em bom.

Por fim, o meu amigo de muitas aventuras declarou o seu próprio óbito e eu fiz a revisão do mercado (sem estudar a concorrência), vendi um rim e apostei os créditos num novo relógio. Abençoadas alegrias das pequenas coisas.
Boa semana!!